Big Brother,Big Losers

Depois de muita polêmica e inúmeras decisões judiciais a Rede Globo fez estréia, nesta terça-feira, 29 de janeiro, do reality show Big Brother. A pergunta que não quer calar é: obrigaram a gente esperar tanto tempo por isso? Juntar 12 oligofrênicos que fazem qualquer turma de jardim de infância parecer um reduto de intelectuais não é uma garantia de qualidade. O amadorismo do pessoal do Roberto Marinho quando se trata de fazer um programa ao vivo é visível. Constrangedor parece ser a palavra exata para definir este zoológico humano tupiniquim.

Primeiro é preciso analisar o desempenho de Pedro Bial e Marisa Orth como apresentadores do programa. É uma dupla bizarra que não tem a menor intimidade. Estão mais perdidos do que padre em casa de tolerância. Eles parecem estar narrando um jogo de futebol, possivelmente inspirados pelo Galvão Bueno, pois se limitam a repetir o que todo mundo já está vendo. Marisa parece que ficou tempo demais fazendo o papel de Magda e incorporou o personagem do Sai de Baixo. Já Bial repete a sua total falta de senso com que premia os 14 telespectadores do Fantástico todos os domingos. Bial é próprio Big Brother: aquele o irmão mais velho chato e desagradável que parece ter prazer em bancar o carrasco para um bando de losers.

Ao menos Marisa, que aterrissou de pára-quedas no programa, foi sincera na primeira noite ao admitir que ela e Bial estavam pagando o maior mico. Pois além de incômoda a dupla de apresentadores contraria a própria chamada do programa, aquela do entre e veja a vontade. Como é que alguém pode fazer isso com as duas malas interrompendo o espectador a cada minuto?

Nas versões estrangeiras do programa os apresentadores possuíam um papel secundário— a Casa dos Artistas nem apresentador tinha, o Sílvio Santos só aparecia no domingo— já na versão Global Pedro quer, aparentemente, aparecer mais que os concorrentes. O que admitamos não é difícil, a julgar pela total falta de expressão e personalidade dos escolhidos.

Por isso, talvez o principal problema da edição brasileira de Big Brother seja mesmo as pessoas escolhidas para participarem do programa. Foram 500 mil inscrições. Mesmo assim todos os escolhidos parecem ter a mesma personalidade. A idade mental não passa de 15 anos (isto na soma de todos os participantes). O fato das inscrições só poderem ser feitas pela Internet com certeza contribuiu para isso. Parece que a produção da Globo buscava desesperadamente achar um clone do Alexandre Frotta no meio do bando de marombeiros selecionados. Mas nem isso foi capaz.

Para que o Big Brother deslanchasse, embora a audiência no primeiro dia de exibição tenha atingido expressivos 57%, seria preciso juntar pessoas de personalidades diferentes. Todo mundo na casa da Rede Globo está muito igual. Uma plebe ignara, alegre, bem-disposta e em boa forma física. Não há o menor contraste ou divergência de opinião. São losers que tiveram um pouco de sorte na vida e podem exibir a sua natural vocação para focas amestradas para todo o Brasil. O tipo de gente que ninguém faz questão de conhecer pelo nome.

O grande problema no Big Brother é que todo mundo resolve falar ao mesmo tempo e o mais alto possível. Se houver uma conversa interessante (hipótese absolutamente remota considerando o nível mental dos participantes) ela é rapidamente abafada pela algazarra geral. Na verdade uma gaiola cheia de periquitos no cio deve fazer menos barulho.

Por outro lado a Globo anda fazendo malabarismos para encaixar o programa em sua programação, até adiantou o Jornal Nacional para poder apresentá-lo num horário nobre. Todo esse esforço não tem se justificado pela completa incompetência, até agora, da emissora em editar o programa de forma cativante. No SBT, da concorrente Casa dos Artistas, um pessoal saído da MTV comandou o espetáculo por trás das câmeras. Esta gente domina a arte da falta de assunto e do deserto de idéias. Basta ver 15 minutos da programação da MTV para entender o drama. Embora nada acontecesse de verdade na Casa dos Artistas o público parecia estar vendo tudo. Justamente o que não acontece no Big Brother da Globo. Até agora só se viu Pedro Bial e pequenos flash de doze condenados ao ostracismo.

Outro detalhe que chama a atenção é a péssima trilha sonora do Big Brother. É só compará-la com a bem-sacada trilha da Casas dos Artistas. A começar pelo tema de abertura perpetrado pelos mortos-vivos RPM(?!), que simplesmente não se justifica. Noutra ocasião para criar um clima de alegria foi escolhida a música Noite do Prazer, do grupo Brylho, comandando por Cláudio Zoli e Arnaldo Brandão, que foi um daqueles one-hit-wonder da década de 80. Pelo mau gosto não era de se espantar que o Nelson Motta estivesse envolvido.

Aos telespectadores só resta mesmo esperar pelo dia 17 de fevereiro quando estréia A Casa dos Artistas 2, com Ellen Roche, Tiazinha e companhia. Pois o Big Brother Brasil está provando ser Big Losers Everywhere....

Da Reportagem Local

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