Big Brother não quer saber de amor sincero

Big Brother não quer saber de amor sincero

A Globo tentou de tudo para filmar cenas de sexo no Big Brother Brasil. Lançou um monte de gente sarada numa casa em pleno verão sem nada para fazer. Tinha tudo para dar, literalmente, certo. Infelizmente os olheiros da emissora conseguiram selecionar o que há de pior na espécie humana. Gente que, se o futuro do planeta dependesse da sua capacidade de reprodução, condenariam, com certeza, à extinção o planeta Terra.

Mesmo assim o truculento Kléber resolveu acabar com o marasmo. Praticamente a força, na base da raça, do pescoção, da intimidação, ficou com a loira popuzuda Xaiane. Kléber, aliás, é a prova viva de que a eutanásia é inviável. Afinal, consegue sobreviver tranqüilamente sem cérebro. Logo o primeiro casal do Big Brother se formou para a alegria dos marqueteiros da Rede Globo. Porém, a inveja e o racismo dos demais participantes pôs fim à relação. Xaiane foi acusada de tramar contra os demais habitantes da casa. Ela teria seduzido o dublê de ser humano e habilmente lutava para derrubar o restante do grupo. Pobre Xaiane. Como alguém que mal consegue articular uma frase poderia ser um gênio do mal? Alguém que cogita de forma séria amar alguém com o Q.I. de uma ameba é realmente um manipulador prodigioso?

Na seqüência surgiu um clima entre a modelo do sorriso de plástico, Vanessa e o inimigo público número 1, Sérgio. Ela, negra, ele um franco-angolano com ares de intelectual. O namoro foi elogiado abertamente por Pedro Bial. A direção da Globo mostrou cenas de sedução ao som de uma trilha sonora melosa. Tudo para enfatizar o fato de que havia um casal interracial, romântico e belo no Big Brother Brasil.

Nada mais falso. Não há amor entre os dois. Vanessa já provou que só ama uma pessoa no mundo: ela mesma. O franco-angolano pinta de intelectual, mas acha que quem inventou o telefone foi um tal de Grahm Cell. Na verdade, Xaiane era burra demais, Kléber truculento demais. Não renderiam a audiência necessária. Sequer arrancariam alguma leitora de Júlia ou Sabrina algum suspiro romântico. Eram quase que animais no cio. Todavia, os animais não mentem. Seu desejo é puro e sincero.

Por isso, hoje o Big Brother tem de agüentar a falsidade de um amor insosso. Não há química entre Sérgio e Vanessa. Ambos são tão interessantes quanto um catálogo telefônico. Xaiane pode ter perdido o verdadeiro amor da sua vida. Finalmente tinha encontrado alguém que podia conversar no mesmo nível. Não precisava ficar se martirizando em fingir alguma preocupação intelectual. Já Kléber, tinha uma alma gêmea. Seu sonho de consumo era uma loira disponível, Xaiane era isso e muito mais.

Mas o Big Brother não quer saber de amor sincero. O objetivo do programa é cada vez mais audiência. Só por que as pessoas são desprovidas das faculdades mentais não significa que elas tenham de ser impedidas de amar. Até mesmo um protozoário sabe o que é amor. O público em um ato de racismo contra pessoas inarticuladas decidiu que Kléber e Xaiane deveriam ser separadas. Pena. Por que os brutos também amam.


Da Reportagem Local