Anos 80

A Década Perdida

Rock in Rio I - 1985: Artistas Internacionais

AC/DC

O show da banda comandada pelo guitarrista Angus Young ficou famoso no momento em que terminava mais um de seus solos ele aproveitou para mostrar a bunda para a platéia. Os metaleiros e, acredite quem quiser, o Jornal Nacional, aplaudiram o aparente ato de rebeldia. A banda dos irmãos Young (Angus na guitarra solo e Malcon na guitarra base) fez o mesmo show de sempre com as mesmas músicas e riffs de sempre. Mas quem disse que os metaleiros estavam preocupados com isso? Detalhe o famoso sino de uma tonelada e meia utilizado no show pelo vocalista Brian Johnson para dar as suas badaladas na música Hell Bell's era uma réplica de gesso. Uma fraude, mas quem disse que os metaleiros, etc...

Al Jarreau

Um cantor de jazz. O que diabos ele estaria fazendo em um festival como o Rock in Rio? Inclusive o release anunciava Al Jarreau como o cantor que tem uma orquestra na garganta. Bem, então ele deve ter engasgado com algum instrumento. Aliás, Al Jarreau deve ter se divertido muito com as suas férias no Rio de Janeiro. Já o público...

George Benson

Um guitarrista mais para jazz, mais para um barzinho, mais para um pub inglês, do que para um festival desse porte. Suas apresentações foram insípidas e inodoras. Quem não dormiu estava no bar. Detalhe: Benson tinha colaborado um ano antes com Ivan Lins, chegando inclusive a gravar músicas do compositor e mala-mor da MPB. Quer dizer isso não é necessariamente algo do qual você pode colocar no currículo com orgulho.

Iron Maiden

Um Bruce Dickinson em grande forma e uma banda inspirada. Recentemente o Iron tinha lançado o LP Powerslave (naquela época era mesmo LP). O resultado? Um dos melhores shows do festival, dentro das possibilidades da banda. O grupo foi a único do festival que se apresentou apenas uma vez, pois estava no meio de sua primeira turnê mundial a Word Slavery Tour. Aliás, o Iron Maiden não é nem a metade do que os fãs do grupo pensam que é, mas isso já uma outra história...

James Taylor

You got a friend. Você se lembra disso. James Taylor foi uma espécie de azarão do festival. Ninguém sabia muito bem por que convidaram aquele ancião. Para que se tenha uma idéia do ostracismo de Taylor ele estava a cinco anos sem gravar um disco e seu último trabalho se chamava Daddy Loves His Work (1980). Poucas coisas podem ser mais constrangedoras do que isso. Mas verdade seja dita o público cantou junto, acendeu isqueiros e revitalizou a carreira de Taylor, que ficou duas horas no palco e atrasou a entrada de George Benson. O cantor ficou tão impressionado com este milagre que compôs uma música Only a Dream in Rio, em 1986, que contava a história da sua performance no festival.


Nina Hagen

Hahahaha! Ah, eu tô maluco. Uma doida de pedra. Nina Hagen é o tipo de coisa que faz a gente querer esquecer a década de 80. Um horror. A cantora (sic) nasceu na década de 70 na Alemanha Oriental e, acredite quem quiser, conseguiu atravessar o Muro de Berlim. Onde é que estava a KGB numa hora dessas? Nina ainda conseguiu o prodígio de dizer em uma das muitas entrevistas que fez no Brasail que o apocalipse estava chegando e que 35 milhões de discos voadores estavam no céu preparados para nos salvar. Então tá.

Ozzy Osbourne

Anunciado como o homem que comia morcegos. Apesar de ser uma das atrações mais aguardadas, o show do velho (já naquela época) Ozzy foi morno e sem graça. Todo mundo esperando que ele comesse algum morceguinho quando o máximo que ele fez foi jogar baldes d’água na platéia. No meio dessa expectativa alguns clássicos do rock'n'roll apareciam de vez em quando.

Queen

Há quem diga que o Rock in Rio foi idealizado para a banda comandada pelo roscão-mor Freddie Mercury brilhar. Bom, eles conseguiram e fizeram dois shows antológicos. O vocalista do Queen, que costumava fazer gargarejo com isso mesmo que vocês estão pensando, deu (no bom sentido) uma de maestro e comandou a massa com os seus gritos do tipo: oeleolerilê e paparapapeioô.

B52

O representante maior da New Wave. Por incrível que pareça as danceterias da época tocavam sem parar as músicas do quinteto. O B52, é claro, foi uma dessas bandas que entrou no palco apenas para provar que devia ter continuado no estúdio. Ganharam com certeza o prêmio das piores perucas.

Go Go's

Uma banda só de sapatões, digo, só de mulheres. Cinco bichinhos mordedores ocuparam o palco do Rock In Rio. A platéia, sentindo o perigo, urrava Go.. Go.. Home! Infelizmente as barangas não entenderam muito bem o recado...

Scorpions

Uma banda de Heavy Metal alemã que era mais conhecida por baladas grudentas como Still Loving You. Não parecia nada promissor. E não foi. O guitarrista da banda Rudolph Schenker conseguiu o prodígio de entre uma cabeçada e outra acertar a sua própria testa com a guitarra e passou mais da metade do show sangrando. Ridículo. Os Scorpions acabaram provando que eram um grupo da segunda divisão. Não, é claro, que os metaleiros estivessem muito preocupados com isso etc, etc...

Whitesnake

Banda do ex-vocalista do Deep Purple, David Coverdale fazendo hard rock básico antes de afundar na farofa. O Whitesnake entrou de penetra no Rock in Rio, substituindo o Def Lepard, porque o baterista tinha sofrido um trágico acidente no qual perdera um braço. O Whitesnake foi aplaudido até por que os metaleiros não estão preocupados, etc, etc...

Yes

Yes? Não! De jeito nenhum. Acredite quem quiser a banda do vocalista John Anderson era a segunda maior atração do Rock in Rio (a primeira, é lógico, era o Queen) tanto que fez o último show do festival. Um espetáculo riponga e deprimente. O público vibrou mesmo com Owner a of Lonely Heart, que fazia parte da trilha sonora de uma novela da época.

Rod Stewart

Um dos maiores consumidores de álcool do festival. Rod Stewart literalmente tomou todas. No show chamou uma modelo para subir ao palco provando que de bobo não tem nada. Apesar de ter lançado um LP pouco antes do Rock In Rio, Camouflage, preferiu jogar na retranca. Cantou seus sucessos mais conhecidos e levantou o público com a sua simpatia escocesa destilada em barris de carvalho.

Artistas Nacionais

Alceu Valença

Ele bem que tentou. Foi de um lado ao outro do palco, lutou muito fez de tudo para empolgar a platéia. Não conseguiu. Até não foi culpa do repertório que tinha os clássicos Anunciação e Morena Tropicana. De certa forma ele era o cara certo no festival errado.

Barão Vermelho

Na época ainda com Cazuza fizeram um show pífio, quer dizer exatamente no limite das suas possibilidades. Pelo menos serviu para mostrar que o Barão nunca passou de uma invenção de críticos cariocas. Conta a lenda que depois de assistir ao Angus Young do AC/DC mostrar a bunda para platéia Cazuza incorporou por uns tempos o ato nos shows do Barão, evidentemente com um novo significado...

Blitz

O maior cachê do rock nacional. Evandro Mesquita e as outrora gostosas Fernanda Abreu e Márcia cuidaram mais dos efeitos especiais, com balões gigantes sendo jogados na platéia, do que propriamente em fazer um bom show. Uma decepção.

Elba Ramalho

Empolgou e levantou o público. É verdade. Mas foi mais pelo tamanho da sua minissaia do que pelo seu, digamos, talento musical.

Erasmo Carlos

Em uma palavra: ridículo. Vestido com tachinhas de couro, com pinta de bad boy, cantou um repertório baladeiro que incluía pérolas como Gatinha Manhosa. Foi vaiado implacavelmente pelos metaleiros. Tomou latinha de cerveja na cabeça e por pouco não é esfolado vivo. O espetáculo foi tão constrangedor que o segundo show do Tremendão foi adiado do sábado (19/1) para o domingo(20/1) para evitar uma nova humilhação pública.

Gilberto Gil

Não foi feliz. Desde o início, quando foi barrado por um segurança do Rock in Rio, Gilberto Gil deve ter percebido que essa não era a sua praia. Em vez de voltar para a Bahia resolveu cantar Punk da Periferia para parecer roqueiro e... adivinhem? Foi implacavelmente vaiado pelos metaleiros.

Ivan Lins

Tudo bem, todo festival precisa de um mala. Mas precisava ser logo o Ivan Lins? Não havia a menor justificativa para o autor de Começar de Novo (argh!) e Madalena (duplo argh!) aparecer no meio de um evento de rock. Ivan Lins ainda foi capaz de protagonizar um dos maiores micos do Rock in Rio ao perder a voz no meio do seu show! Pediu que o público ajudasse e foi sonoramente ignorado. Pelo menos ninguém conseguiu escutar nada do chatíssimo repertório do cantor.

Kid Abelha & os Abóboras Selvagens

Uma Paula Toller gostosinha de minissaia new wave. É só isso que ficou do show do Kid Abelha & os Abóboras Selvagens. Tomaram vaias e latinhas de cerveja. Provavelmente o penteado da Paula Toller era curto demais para agradar aos metaleiros...

Lulu Santos

Um fenômeno. Foi tirado do palco antes de terminar o show. É isso mesmo. Como os palcos do Rock in Rio eram giratórios o artista que passasse do tempo combinado era simplesmente gongado!! Levava um abacaxi do Cassino do Chacrinha e ia embora pra casa. Lulu Santos depois do Rock in Rio acabou sendo rebaixado para a segunda divisão de onde nunca mais saiu...

Moraes Moreira

Hãããããã..... Alguém se lembra do Moraes Moreira? Será que ele fez um show mesmo? O mais lógico é que tudo mundo estivesse no bar tomando uma cerveja.

Ney Matogrosso

Um show fácil de lembrar pela elegância de Ney Matogrosso. Ao ser vaiado, oram vejam só, pelos metaleiros, respondia educadamente: "Vão se foder". Mais vaias. Ney atacava de novo. "Eu quero cantar e vá a merda quem não quiser ouvir". Mais vaias. De certa maneira foi um dos shows mais pesados do Rock in Rio.

Paralamas do Sucesso

Os salvadores da pátria. Sem efeitos especiais, o cenário não passava de duas samambaias, e tocando à luz do dia, Herbert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro fizeram um show simples e direto. Ganharam o respeito do público e da crítica. De quebra Barone ainda conseguiu comer a baterista Gina Schok das Go Go's. Ninguém segura esse país!

Pepeu Gomes

Na maior cara de pau compôs uma música instrumental chamada Rock in Rio aproveitando o sucesso do festival. No show fez intermináveis solos de guitarra, o que agradou aos metaleiros. Tocou brasileirinho para o gáudio da massa ignara (metaleiros). Não foi vaiado e, considerando a platéia, saiu no lucro.

Baby Consuelo

Entrava logo depois do show de Pepeu Gomes, na época seu marido. Ele continuava no palco solando e solando. Já Baby Consuelo estava grávida e distribuia rás (saudação esotérica) a torto e a direito. Era um tal de rá-violli, rá-padura, rá-paziada, etc, etc

Eduardo Dusek

Mais um exemplo de boa educação. Foi vaiado do início ao fim pelos metaleiros. Porém partiu para o ataque. Mandou para os metaleiros se suicidarem. Pediu para que as pessoas que jogavam latinhas no palco fossem linchadas. Coincidentemente nunca mais foi convidado para outro festival de rock.

Rita Lee

Fez um show apenas para acabar com os boatos de que estava com leucemia. Bom, pela qualidade do espetáculo e pela disposição da titia Rita Lee era melhor ela ter ficado em casa. Ou na clínica de desintoxicação.

Os 10 dias de shows

11/01/1985 - sexta-feira
Shows
Ney Matogrosso
Erasmo Carlos
Baby Consuelo & Pepeu Gomes
Whitesnake
Iron Maiden
Queen
Público: 150 mil pessoas
12/01/1985 - sábado
Shows
Ivan Lins
Elba Ramalho
Gilberto Gil
Al Jarreau
James taylor
George Benson
Público: 250 mil pessoas
13/01/1985 - domingo
Shows
Paralamas do Sucesso
Lulu Santos
Blitz
Nina Hagen
Go Go's
Rod Stewart
Público: 90 mil pessoas
14/01/1985 - segunda-feira
Shows
Moraes Moreira
Alceu Valença
George Benson
James Taylor
Público: 30 mil pessoas
15/01/1985 - terça-feira
Shows
Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens
Eduardo Dusek
Barão Vermelho
Scorpions
AC/DC
Público: 50 mil pessoas
16/01/1985 - quarta-feira
Shows
Paralamas do Sucesso
Moraes Moreira
Rita Lee
Ozzy Osbourne
Rod Stewart
Público: 40 mil pessoas
17/01/1985 - quinta-feira
Shows
Alceu Valença
Elba Ramalho
Al Jarreau
Yes
Público: 20 mil pessoas
18/01/1985 - sexta-feira
Shows
Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens
Eduardo Dusek
Lulu Santos
B-52's
Go Go's
Queen
Público: 250 mil pessoas
19/01/1985 - sábado
Shows
Baby Consuelo & Pepeu Gomes
Whitesnake
Ozzy Osbourne
Scorpions
AC/DC
Público: 250 mil pessoas
20/01/1985 - domingo
Shows
Erasmo Carlos
Barão Vermelho
Gilberto Gil
Blitz
Nina Hagen
B-52's
Yes
Público: 200 mil pessoas

J. Tavares

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