O misterioso seqüestro de Natascha Kampusch

O escritor Julio Verne era um mestre nas descrições de lugares que nunca conheceu. O personagem Sherlock Holmes ficava em casa fumando o seu cachimbo da paz enquanto resolvia crimes escabrosos. Da mesma forma o ZZ-files sem sair do Brasil resolveu um dos casos mais intrincados e polêmicos a acontecer na Áustria: O misterioso seqüestro de Natascha Kampusch.

Antes de mais nada é preciso esclarecer o contexto. Na manhã de 2 de março de 1998, Natascha Kampusch se dirigia ao colégio no qual estava matriculada em Viena, capital austríaca. Então, segundo a versão oficial, quando foi seqüestrada pelo técnico em eletrônica Wolfgang Priklopil, 44 anos.

Pior ainda, Wolfgang decidiu trancafiar Natascha em um pequeno quarto subterrâneo, de seis metros quadrados, debaixo da garagem de uma casa em Strasshof, nos arredores da capital. Ela passou oito anos no cativeiro até que conseguiu escapar por um descuido do seqüestrador. Contudo, a história não termina neste ponto. O suposto criminoso cometeu suicídio atirando-se sobre os trilhos de um trem assim que soube da fuga.

A reaparição de Natascha provocou uma comoção nacional. A Áustria se sensibilizou com a trágica história de uma criança que foi brutalmente privada do convívio de seus pais. A moça se tornou uma celebridade e concedeu entrevistas para fazer um relato dos oito anos que passou em cativeiro.

"Só pensava em fugir", disse Kampusch em declarações à revista semanal austríaca "News". "Várias vezes me perguntava por que justamente entre os muitos milhões de seres humanos, justo comigo tinha que acontecer isso", questionou. Ainda segundo a jovem, seu seqüestrador tinha "uma forte paranóia e mantinha uma desconfiança permanente".

O caso teria tudo para terminar em final feliz se não fosse a estranha reação de Natascha em relação à sua família. Decididamente, a adolescente não pareceu nada contente ao rever a sua mãe. Rapidamente, jornalistas passaram e investigar o fato. Ao que tudo indica, as relações entre as duas eram complicadas.

A situação ficou ainda mais dramática quando o juiz aposentado Thomas Vogel garantiu que a mãe da menina estaria envolvida no seqüestro. Segundo o ex-juiz, Brigitte Sirny teria ajudado a organizar o rapto da filha para encobrir supostos abusos sexuais aos quais ela submetia Natascha.

Mais ainda o magistrado afirmou que a mãe da jovem conhecia o seqüestrador, Wolfgang Priklopil. Vogel, inclusive, teria dito à polícia que possui provas dos supostos abusos, como fotos e vídeos de pedofilia com Natascha.

Em pouco tempo a vida de Natascha ficou tão ruim quanto nos tempos de cativeiro. Depois de uma espécie de operação-abafa a imprensa abandonou o caso e deixo a adolescente finalmente viver a sua vida. Porém, é claro que toda história ficou muito mal-contada.

A explicação para o misterioso seqüestro de Natascha Kampusch é simples. Desde que se preste atenção nas pistas ignoradas pela tacanha imprensa austríaca. Em primeiro lugar, a informação de que a mãe da garota conhecia o seqüestrador é relevante. Outro fato que não pode ser ignorado é que mãe e filha se odiavam. Aliás, quando saiu de casa em 2 de março de 1998 Natascha tinha brigado com a mãe. A partir daí, a ZeroZen se permite fazer um certeiro exercício de especulação intuitiva.

Natascha sai de casa irritada. Se encontra com Wolfgang. Como ele é conhecido de sua mãe, ela não tem medo. Então, o técnico em eletrônica a convida para morarem juntos. De saco cheio de ser tratada como uma garotinha de 10 anos, ela aceita.

O bizarro casal passa a viver juntos. Como em nenhum país do mundo algo semelhante seria aceito, Natascha passa a dormir no porão. Passa os dias vendo televisão, aprendendo como é o mundo através de filmes, novelas e seriados americanos.

Ao 18 anos, Natascha percebe que perdeu tempo, que apostou em um perdedor. Então está na hora de pedir o divórcio. Infelizmente, não há como o mundo entender o que aconteceu. A única solução é inventar uma trama tão inverossímel que todo mundo só possa achar que é verdade.

Natascha conta seus planos Wolfgang e diz que ou ele comete suicídio ou passará o restante de sua vida em uma cadeia sendo violentado por uma turba de detentos furiosos. Ele não pensa duas vezes (talvez também tenha sentido uma ponta de remorso) e se atira nos trilhos do trem.

Com a morte de Wolfgang, Natascha está livre para inventar a história que dizer. Agora, é hora de dar entrevistas, escrever sua autobiografia e viver a vida em alto estilo.

Fofox Murder

A verdade está lá fora por que esqueceu a chave

Considerações finais

1 - Natascha declarou que quer voltar a estudar para poder ter uma profissão, entre elas a de jornalista ou advogado...

2 - Após ser libertada, Natascha ganhou quase um milhão de dólares para dar um entrevista exclusiva a uma rede de televisão da Áustria...

3 - Segundo a imprensa austríaca, Natascha ficou "brava" após ler o livro escrito pela própria mãe cotando a história de seu seqüestro. O diário "Oesterreich", de grande circulação em Viena, informou que a garota teria dito que deveria ser ela, e não sua mãe, a autora do livro...