A Conspiração Viagra - Parte 2

Uma pílula azul. Uma simples pílula azul com uma marca escrita no seu pequeno dorso. Uma pequena pílula azul matou o presidente do maior império de comunicação do país e por pouco não levou o Homem do Baú, o vice deste jogo de War ideológico. Sim, zerozenauta, o Viagra matou Roberto Marinho e quase levou $ílvio $anto$ também. Em uma conspiração tão simples quanto uma rapidinha, trivial como um sexo entre namorados jovens, a febre pela juventude sexual fascina a todos, desde o jovem inexperiente até o velho que já não consegue mais praticar o nobre esporte bretão. Desde a sua venda, o Viagra foi aclamado como um dos principais remédios do mundo. "Tô ficando velho, tô ficando fraco, já estou perdendo aquela pose de macho" foi esquecida pela população. O hit de outrora tornou-se obsoleto.

A comunidade médica alerta para o uso inadequado da versão refinada da batida de ovo de cordorna. Seu uso pode provocar problemas ao homem, pois altera a circulação. Como todo o prazer, o uso do Viagra tem um preço que pode ultrapassar o valor cobrado pelo farmacêutico. Agora pare um instante e pense.. você é velho, trabalhou a vida inteira para erguer o seu império de TVs, rádios e jornais e conta com aquele exército de secretárias, jornalistas e executivas em forma, loucas para subir na vida. E justamente nessa hora, o "elevador" não sobe. Nem por decreto o "rei" consegue fazer da apresentadora do jornal ou da estrela da novela uma rainha em sua cama ou mesa de decisões.

Cronologicamente, vamos falar primeiro de $ílvio $anto$. Você lembra das enfadonhas marchinhas de carnaval cantadas pelo ex-camelô? Aquelas "poesias" do porte de "ah, a bruxa vem aí / e não vem sozinha / vem na base do saci" ou "ninguém pinta como eu pinto / como eu pinto ninguém pinta". No meio deste cancioneiro da folia, uma marcinha ficou conhecida entre as colegas de trabalho.. "a pipa do vovô não sobre mais / cansado de fazer tanta força / o vovô foi passado pra trás".

Desde a comercialização do Viagra, $ílvio $anto$ parou de cantar as marchinas. O porquê é simples, o Viagra tornou a canção obsoleta. O velho empresário voltou a ter o vigor que tinha no tempo de camelô, tirando muito mais do que uma casa própria do Baú. Tal qual a sua banca, o Ibope do SBT cresceu nos últimos tempos. Um destes momentos de auge na disputa contra a Globo é o perfeito indicador desta verdade sexual e comunicacional.

Durante a primeira Casa dos Artistas, cada eliminado aparecia ao vivo nos estúdios do SBT no domingo seguinte a sua eliminação. Em um momento sublime, apareceu mostrando seus dotes, vestindo um vestido transparente que insuava "$ílvio, te quiero". O que era uma entrevista conduzida pelo patrão tornou-se um xaveco público. Ela ainda brincou com o auditório "quem não quer um marido assim?". Meses depois, $ílvio foi visto em Las Vegas muitíssimo bem acompanhado por ela. E qual revista publicou isso? "Saiba de tudo em Contigo!".

Daí pra crise conjugal com dona Íris e o sequestro de Patrícia Abravanel foi um pulo, uma ejaculação. Depois de todo o escândalo, tudo teoricamente voltou ao normal na casa de $ílvio. Ditadura do Viagra. Lembram do que falamos antes? Viagra demais dá problema. Do alto de seu vício - imagina você, só os anos de Roletrando com loiras e morenas, sem falar no show do milhão (de mulheres levadas pra cama) -, ele desconsiderou os avisos e, para piorar, foi para os Estados Unidos curtir o auge do seu vício sem nenhuma restrição médica.

O resultado disso você viu nas páginas da Contigo!, $ílvio louco, com medo da morte e impotente perante seu vício sexual. Todo o escândalo teve um fundo de verdade, apesar do absurdo. No final das contas, dentro daquela humilde casa em Celebration, a moderação no uso do Viagra e a paciência de Íris, uma Hillary Clinton tupiniquim, salvaram o senhor sorriso. Não foi desta vez que ele cruzou a porta da esperança. Mas o que funciona no concorrente nem sempre dá certo sempre na sua casa. Se O Jogo e No Limite 3 arranharam a fama da Globo em reality shows, importada da ousadia do SBT e sua Casa dos Artistas, o Viagra foi nocivo para Roberto Irineu Marinho. Até mesmo o "Highlander" do Jardim Botânico caiu perante o poder do medicamento.

Conservado medicinalmente durante anos, no comando da nave global desde 1925, Roberto Marinho faleceu após uma trombose no pulmão. Os médicos tentaram retirar um coágulo, mas não conseguiram salvar 98 anos de trabalho jornalístico. A origem disso é tão simples como a beleza das moças do tempo. Em um teste para definir a nova estrela da próxima novela das 8, o sr Marinho foi verificar as condições de uma empregada sua. Seguindo a tradição de mostrar que panela velha ainda faz comida boa, o bom velhinho iria definir o próximo talento da Globo que iria brilhar. Seus "trabalhos" estão todas as noites na sua tela, veja o que o formol e os cirurgiões fizeram com Vera Fischer, Cristiane Torloni e Suzana Vieira, além dos seios de Zezé Polessa. Manter o padrão Globo de qualidade foi uma tarefa árdua, que ganhou novo fôlego com o Viagra. Não importava a idade nem a grade de programação, o selo de qualidade era mantido.

No auge do teste de atuação com uma estrela, ainda não descoberta (talvez Maitê Proença, atualmente escanteada em Malhação), o Viagra alterou o funcionamento do seu corpo. O gigante de 98 anos parecia um golias sexual, reagindo ao desempenho de uma atriz experiente e esforçada. Como falamos antes, a pílula azul trabalha com a cirulação sanguínea. O pulmão, respirando e ofegando feito um irmão Coragem, acabou perdido entre o prazer e o trabalho. O coágulo foi a cristalização desta crise, um coágulo de sangue formado no auge do prazer. Enquanto a atriz pensava no estrelato, Roberto jã pensava em acionar os seus contatos para conseguir uma boa morada no céu.

Prazer.. a busca pelo prazer vitimou Roberto Marinho e quase levou $ílvio $anto$ junto. Tudo culpa do excesso de uma pílula azul. A natureza tem seu ciclo, seus limites. Por mais que a medicina avance, os limites naturais não devem ser desafiados.

Fofox Murder

A verdade está lá fora no banheiro, lavando-se. Pura como uma alface livre de agrotóxicos, prefere fazer valer a frase "enquanto eu tiver língua e dedo, ninguém me mete medo".

Considerações finais:

1 - Sílvio Santos disse que ia morrer em seis anos. Roberto Marinho foi lá e morreu em seis dias. O que a Rede Globo não faz para superar o SBT...

O texto acima é uma obra de ficção e qualquer coincidência com pessoas ou terceiros é meramente acidental ou usada como forma de paródia.