O Pagodeiro Maldito
O ZZ-files através dos anos sempre se muniu de fontes confiáveis para revelar conspirações assustadoras e apocalípticas. Em pouco tempo, as correntes enviadas por meio e-mail na Internet se tornaram instrumentos implacáveis para desvendar os mais sombrios mistérios da natureza humana. Depois de receber uma curiosa mensagem intitulada Corrente do Rock, resolvemos seguir pistas ignoradas pela grande mídia e nos deparamos com algo muito além da nossa vã filosofia.
Para quem não recebeu ainda o e-mail basta dizer que em um argumento limitado o seu autor relaciona uma série de tragédias ocorridas com o rock nacional (a morte de Marcelo Fromer, guitarrista dos Titãs, depois de um atropelamento, o tiroteio que deixou Marcelo Yuka, baterista e letrista d'O Rappa sem o movimento das pernas e o acidente com o líder dos Paralamas do Sucesso Herbert Vianna) com uma suposta imunidade dos pagodeiros. Embora a maioria destas calamidades já tenha sido explicada nestes mesmos arquivos (ver Planeta Atlântida - o Festival Maldito) ficou claro que havia algo de muito estranho entre um samba romântico e outro.
O fato é que, só para citar um poucos exemplos, Beto Jamaica, Cumpadi Washington, Alexandre Pires e Netinho, ex-Negritude Júnior, parecem viver em uma redoma de vidro. Apesar do sucesso, são inatingíveis em matéria de tragédias pessoais, nada de ruim parece acontecer nas suas vidas. O único desastre é o tipo de músicas que eles fazem, mas isto já outra história. Entretanto faltava o elo de ligação, alguém que pudesse estar trabalhando para o sucesso do samba mela-cueca em detrimento do rock.
A resposta ao dilacerante enigma surgiu no Programa do Gugu. O apresentador brasileiro entrevistou o pagodeiro Belo, ex-Soweto, que lançou seu primeiro cd solo Desafio. Vale ressaltar que enquanto tocava com seu grupo Belo vendia 250 mil cópias, porém ao lançar seu trabalho individual passou a vender estrondosas 750 mil cópias, um sucesso incontestável. Porém, Gugu revelou a todo o Brasil o motivo da ascensão de Belo. Ele reproduziu em uma foto interna do seu cd uma foto do demônio.
Sim, isto mesmo. O capeta, o coisa ruim, o chifrudo está no cd do pagodeiro. Basta colocar a foto no espelho e a imagem do demônio vai surgir. Não é à toa que o encarte do trabalho de Belo é todo em tons de vermelho. Gugu perguntou repetidamente para o pagodeiro se ele tinha alguma coisa a ver com o capeta, mas Belo apenas tergiversou. Rapidamente a trama se desvendou para os olhos argutos de um investigador treinado. Mais uma vez alguém no showbizz tinha vendido a alma ao diabo.
A diferença é que Belo foi mais específico e invejoso que a maioria dos mortais. Especulamos se e troca da sua alma ele não pediu fama, sucesso, mulheres e de lambuja a destruição do rock nacional (o que talvez fose até desnecessário por que o pessoal das guitarras estava fazendo um grande trabalho sozinho). Como hoje o rock brasileiro está mais comportado que madre superiora em convento e ninguém quer saber de ficar sem a sua alma foi a vez do pagode tomar conta do pedaço.
Fica fácil perceber que conjurar um espírito desses foi uma tarefa tranqüila para os pagodeiros. O samba sempre teve ligações com a macumba e com os poderes do submundo. É de se espantar que isto não tivesse acontecido antes. O fato é que o rock nacional está morto e se der sinal de vida o próprio capeta vai transformá-lo em pedaços. O melhor a fazer é montar uma banda evangélica ou escutar aquele rock antigo que não tem perigo de assustar ninguém.
A verdade está lá fora afinando o cavaquinho.
Considerações Finais
1 - Belo além de ser transformar no pagodeiro de maior sucesso no país namora a escultural Viviane Araújo (aquela que apagava o quadro-negro na escolinha do Professor Raimundo). Para provar a força de seu pacto a calipígia Viviane várias vezes o pediu em casamento e sempre recebeu um não como resposta.
2 - A primeira geração do pagode a fazer sucesso nacional (Almir Guineto, Jovelina Pérola Negra) desapareceu quase sem deixar rastros. Teriam se recusado a vender suas almas?
O texto acima é uma obra de ficção e qualquer coincidência com pessoas ou terceiros é meramente acidental ou usada como forma de paródia.