A conspiração das Lâmpadas Chinesas
O ressabiado Zeronauta, leitor destas implacáveis linhas, já deve ter percebido que existe algo de muito estranho com o apagão. De uma hora para outra o governo decreta uma espécie de falência da energia elétrica no Brasil. Em princípio, não é possível enxergar as coisas com clareza, até por que o país está no escuro. Todavia, o iluminado zz-files deste mês vai revelar uma das mais bizarras conspirações que se tem notícia.
Primeiro é preciso lembrar das campanhas institucionais do governo FHC. Todas elas pregavam a redução do consumo para evitar o temido apagão. As sugestões eram desligar a TV, o rádio, o microondas, a máquina de lavar roupa, a máquina de lavar louça, o som, enfim, pegar um tacape sair gritando "uga-uga" e voltar a idade das trevas. Tudo absolutamente normal e coerente. Entretanto, uma propaganda chamou a atenção pelo insólito. O governo brasileiro pregava o consumo das lâmpadas fluorescentes.
Segundo, o Ministério das Minas e Energia, as lâmpadas fluorescentes seriam a salvação do país. Elas consumiriam menos e iluminariam tanto quanto as tradicionais lâmpadas incandescentes. Resultado? Houve uma verdadeira corrida aos supermercados e lojas especializadas para comprar estes ícones de mordenidade e economia.
Por causa disso, a empresa de lâmpadas incandescentes Osram acabou por demitir 53 dos seus 650 trabalhadores. Segundo alegação da própria Osram, dada ao Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco (SP), o motivo é de que houve uma brutal queda nas vendas depois que o governo começou a incentivar a compra de lâmpadas fluorescentes. Evidentemente os estoques de lâmpadas comuns cresceram de forma vertiginosa. Ninguém mais queria saber de lâmpadas incandescentes.
Bem, não é preciso ser nenhum técnico em eletrônica para saber que existe algo escondido nas sombras do apagão. Primeiro é preciso refutar a afirmação de que a lâmpada fluorescente ilumina mais do que a incandescente. Ora, se você tem as duas em sua casa é fácil saber qual a melhor luz. Diga-se de passagem segundo os técnicos especializados, lâmpada incadescente produz 95% de calor e apenas 5% de luz. A relação nas fluorescentes seria bem maior porque ela produz menos calor.
Depois a imprensa divulgou uma nota que passou quase despercebida pelos analistas de economia. Conforme a Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência (SBEP), o uso indiscriminado de lâmpadas fluorescentes compactas, pode comprometer as redes de energia e afetar o consumidor. A SBEP divulgou, inclusive, uma carta aberta na qual recomenda o estabelecimento de normas para a fabricação do produto.
Neste ponto o paranóico zeronauta deve estar se fazendo a pergunta que não quer calar: "tá, mas e daí?". Bem, apesar de a situação estar preta, existe uma informação que pode esclarecer as coisas. As lâmpadas fluorescentes no mercado vêm de vários lugares, entre eles da China. É fácil perceber que não há qualquer cuidado em respeitar o padrão da rede elétrica brasileira.
Logo, as lâmpadas fluorescentes estariam em desacordo com as normas de energia do país. Assim, poderiam causar pequenas distorções nas corrente alternada que entregue na sua casa. Se você ainda não esqueceu das aulas de física e da senóide que representa a corrente, sabe que uma distorção na onda vai se propagando indefinidamente até que a forma esteja tão diferente que cause danos aos aparelhos domésticos.
Isto mesmo. Se, de repente, a sua televisão explodir ou o seu forno de microondas sair voando, tudo será culpa das lâmpadas fluorescentes. O governo está incentivando de propósito o consumo destas lâmpadas para causar uma espécie de apagão programado. Se não atingir as metas programadas, é fácil perceber que economizar 20% a cada mês é algo praticamente impossível, o governo planejou algo bem mais diabólico para economizar energia.
Assim, mais cedo ou mais tarde, os brasileiros que comprarem lâmpadas fluorescentes vão perder todos os seus eletrodomésticos. Portanto, o governo vai ganhar uma economia gigantesca. Se nada acontecer, pelo menos o consumo, graças as fluorescentes, vai cair. É um jogo de cartas marcadas e quem vai perder é o consumidor. Pelo sim, pelo não o melhor a fazer é fugir para as montanhas e esperar o fim do mundo.
A verdade está lá fora acendendo o lampião.
O texto acima é uma obra de ficção e qualquer coincidência com pessoas ou terceiros é meramente acidental ou usada como forma de paródia.