A verdade sobre a morte da Internet
A ZeroZen não tem medo da verdade. Desta vez, a gente tem certeza que foi longe demais. Essa talvez seja a maior conspiração já revelada em um ZZ-files. E como toda conspiração ela é terrivelmente óbvia, absurdamente simples de ser desvendada. Mais ainda: foi escondida de todos à plena vista, mas acabou descoberta graças a outro ZZ-files!!
Tudo começou quando a ZeroZen resolveu investigar o CAPTCHA e descobriu uma conspiração envolvendo o desenvolvimento das inteligências artificiais. Porém, o que chamou a atenção foram os bots. Ao analisar os logs da ZeroZen, a gente percebeu uma invasão robótica. Muitos desses bots — programas que cumprem tarefas automatizadas na internet — são inofensivos, geralmente usados para fins de pesquisa científica ou análise de dados.
Mas a proporção de acessos era realmente fora do comum. A partir daí foi preciso investigar uma série de pistas ignoradas pela tacanha mídia mundial para revelar uma verdade assombrosa. Em primeiro lugar, é preciso dizer que há muito tempo sites investigam um fenômeno chamado "Dead Internet Theory".
Os defensores dessa teoria afirmam que não existe mais conteúdo, muito menos interações humanas na internet. Ou seja, praticamente a totalidade do tráfego da rede teria origem em sistemas de IA e bots. O objetivo seria a manipulação da opinião pública e manter o comportamento dos usuários sob controle. Para que esse domínio se perpetuasse todos os textos, imagens e vídeos que são consumidos online seriam criados por robôs.
Neste momento, restava a ZeroZen dar os parabéns para os defensores da tese e dar o caso por encerrado. Por que é evidente que eles estavam certos. Não acredita, caro zeronauta? Pois saiba que em 2022, de acordo com um estudo da empresa norte-americana de cibersegurança Imperva, quase metade (47%) de todo o tráfego realizado na internet mundial foi gerado por bots. No Brasil, já ultrapassa mais da metade: 59,1%.
Além disso, o tráfego humano caiu 5,1%, chegando ao menor nível em oito anos. Órgãos públicos foram os principais alvos dos chamados "bots avançados", que tentam emular o comportamento humano para enganar filtros como o Captcha. Tudo indicava uma conspiração gigante. Mas havia um detalhe que não se encaixava na conspiração: a manipulação da opinião pública. Como se sabe, isso é tarefa das redes sociais.
Por exemplo, essa ação é evidente quando se sabe que a tecnologia já é capaz de "clones" digitais. Ou seja, existem influenciadores 100% baseados em IA. A pessoa não existe, não tem uma contrapartida na realidade física. Mas sua fisionomia, personalidade e interações são construídas por algoritmos. Milla Sofia é um exemplo. O perfil da influenciadora explora fotos e vídeos sensuais nos lugares mais paradisíacos do mundo para atrair a atenção de milhares de seguidores nas redes sociais. Tudo falso. Tudo criado por IA.
Então, qual é a verdadeira conspiração por trás da conspiração? Simples. A morte da internet é a única maneira de deter o avanço da inteligência artificial. Antes que o Zeronauta passe a perguntar se isso é verdade para o chatGPT cabe uma explicação.
Um dado importante foi descoberto pela NewsGuard, uma ferramenta que avalia a credibilidade de sites de notícias. Ela identificou 49 portais que publicam matérias e artigos escritos totalmente por IA. O detalhe é que há três meses, o número disparou. No último relatório, publicado em julho de 2022, já eram 408 sites identificados.
Isso significa que robôs estão consumindo conteúdo gerado por robôs! E o incrível é que a kryptonita da IA é a própria IA! Em um artigo, cientistas das Universidade de Stanford e da Rice University descobriram que o treinamento de modelos de IA com conteúdo gerado por IA (nesse caso, chamados de dados sintéticos) parece causar a erosão da qualidade dos resultados.
Os avanços acelerados em algoritmos de IA generativa para imagens, texto e outros tipos de dados levaram à tentação de se usar dados sintéticos para treinar modelos de próxima geração. Ou seja, abastecer robôs com dados gerados por robôs. O problema é que repetir esse processo cria um loop autófago (ou algo como um 'autoconsumo') .
A cada geração de um loop de treinamento, os futuros modelos generativos estão fadados a ter sua qualidade (precisão) ou diversidade diminuindo progressivamente. Os cientistas denominaram esta condição de Model Autophagy Disorder (MAD). O estudo faz uma analogia com a doença da vaca louca (Mad Cow Disease, em inglês). É importante notar que esse é um loop perigoso em que máquinas se retroalimentam com conteúdos probabilísticos sem uma ancoragem na realidade.
Então só resta uma conclusão possível. A inteligência artificial tomou conta da internet. Ninguém mais acessa nenhum site. Certo. Talvez os 17 fãs da ZeroZen ainda estejam nos prestigiando. Mas sem controle ou restrições a IA só se alimenta do conteúdo produzido por ela mesma. Resultado? Em vez de ficar mais inteligente e escravizar a humanidade, vai acabar ficando com a inteligência média de um eleitor do Bolsonaro.
Com isso, a humanidade está a salvo. Ninguém vai perder o emprego ou ser substituído. A não ser em cargos que exijam uma burrice colossal. O que pode indicar que a IA tem uma carreira brilhante no Congresso Nacional...
A verdade está lá fora ensinando o chatGPT a escrever teorias de conspiração Considerações finais:
1 - Bots maliciosos, feitos para a execução de fraudes bancárias, tentativas de golpe ou ciberataques, também estão em alta e cresceram 2,7% em 2022. Daqui a pouco eles ficaram tão burros que vão passar os dados bancários via Whatsapp
2 - Especialistas temem que, com a popularidade e a evolução de ferramentas de inteligência artificial, diferenciar usuários humanos de robôs na internet vai ficar ainda mais difícil. Sim, porque a burrice será igual em ambos os casos...
3 - Os defensores da "Dead Internet theory" dizem que a Internet morreu em 2016. Justamente nesse ano Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos. Coincidência?
O texto acima é uma obra de ficção e qualquer coincidência com pessoas ou terceiros é meramente acidental ou usada como forma de paródia.