Todo presidente no Brasil é bucha
O ZZ-files sempre leva uma investigação até às últimas consequências. Não importa o que aconteça ou quanto tempo leve, a verdade precisa ser revelada. Mas definitivamente ninguém na redação esperava ter descoberto uma conspiração que vem do tempo da República Velha. Mais ainda: finalmente foi encontrada uma explicação lógica e racional para a monumental incompetência de todos os presidentes brasileiros.
Para desvendar esse mistério foi preciso seguir pistas ignoradas pela tacanha e adesista mídia do Império! Sim, porque em 11 de agosto de 1827, o imperador D. Pedro I assinou a lei que criava os cursos jurídicos no Brasil. Ela previa a instalação de duas faculdades, uma em Recife e outra em São Paulo. Só que os paulistas foram os primeiros a entrar em funcionamento. Com isso, muitos estudantes de todo o país migraram para a capital paulista.
A faculdade foi instalada em parte do antigo e semi abandonado Convento de São Francisco. Rapidamente, o local se converteu em um dos polos políticos mais importantes de todo país. Principalmente por causa de um nome praticamente ignorado em todos os livros de história. Johann Julius Gottfried Ludwig Frank, conhecido, no Brasil, por Julius Frank, foi um professor alemão do Curso de Direito. Ele lecionou entre os anos de 1834 até sua morte, em 1841.
Porém, durante o seu tempo na faculdade ele criou a Burschenschaft Paulista (mais conhecida como Bucha). Ela foi uma sociedade secreta, liberal e filantrópica que defendia ideias liberais e republicanas. Outras sociedades com o mesmo propósito surgiram nos cursos de direito como a Tugendbund na Faculdade de Direito de Olinda, a Landsmannschaft nas Escolas Politécnica de São Paulo e do Rio de Janeiro e a Jungendschaft na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Mas nenhuma delas teve tanta força ou importância como a Bucha.
Diga-se de passagem Burschenschaft vem do alemão bursch, que significa camarada, e schaft, confraria. Essa jovem elite intelectual, integrantes da Bucha, sonhava com os ideais democráticos e anti-imperialistas. E começou a dar seus primeiros passos na gloriosa arte da conspiração. Inclusive, o próprio Julius Frank afirmava que "os que estiverem na Academia continuarão a obra de assistência; os que terminarem o curso terão nela uma sociedade de ex-alunos, tão útil, e se auxiliarão mutuamente através do tempo. E, ainda mais tarde, se quiser, ela poderá governar o país..."
Pelo que se sabe, a Bucha possuía uma estrutura bem definida e funcionava sob a liderança de um "chaveiro" (pessoa que detinha maior poder), apoiado por um "Conselho de Apóstolos" e um "Conselho dos Invisíveis", que costumava desaparecer todas as sexta-feiras antes da prova. O ritual de admissão de um candidato era como de um clube fechado. Para o ingresso na sociedade, era necessário que a admissão fosse proposta por outros membros e, uma vez aceito, o novo "bucheiro" deveria pagar mensalidades proporcionais à sua hierarquia. A hierarquia, começando do nível mais baixo, estruturava-se em "catecúmenos", "crentes" e "apóstolos" (estes no total de 12).
Com a queda do Império e o surgimento da República, a Burschenschaft ganhou um imenso poder. Muitos políticos, ministros e presidentes da República Velha foram bucheiros. Seu lema era Fé, Esperança e Caridade (F.E.C.), e sofria influências dogmáticas do Iluminismo e da Maçonaria. A ZeroZen acredita que ao longo do tempo, o lema foi mudando para se adequar aos novos tempos. Especulamos se atualmente eles usariam essas outras palavras como inspiração: Fé, Ordem, Desenvolvimento e Amor (F.O.D.A.).
Para que não se subestime a influência e o poder da Burschenschaft vale ressaltar o fato de que entre os 133 participantes da Convenção de Itu, em 1873, que resultou na criação do Partido Republicano Paulista, predominavam bucheiros como Campos Salles, Francisco Glicério, Américo de Campos e Rangel Pestana. Esses últimos foram, ao lado de Júlio de Mesquita, os fundadores do jornal O Estado de S. Paulo, que foi também uma espécie de órgão oficial da Bucha.
A lista de personalidades importantes não termina aí. Poetas como Castro Alves, Álvares de Azevedo, Fagundes Varella e outras personalidades da história do Brasil como o Barão do Rio Branco também pertenciam à Bucha. Mas o que aconteceu com a sociedade? Bem, ela sempre se manteve agindo nas sombras do poder, mas acabou submergindo na mais rigorosa clandestinidade após a Revolução de 1930. Sim, com a ascensão de Getúlio Vargas a Bucha desapareceu na clandestinidade.
É claro que o impoluto leitor já percebeu o tamanho gigantesco dessa conspiração. Todo presidente no Brasil é Bucha. Até hoje essa sociedade secreta escolhe quem vai governar o país! Por estar na clandestinidade não significa que eles deixaram de agir nos bastidores. É lógico que nem sempre eles conseguem o seu objetivo. Portanto, tramam para a queda do presidente que não esteja alinhado aos seus objetivos.
Aliás, foi por isso que Getúlio Vargas se matou! Ele não era Bucha! Na sua carta-testamento ele foi explícito: "Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim". Ou quando afirma: "A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho." O que pode ser mais bucha do que isso?
Claro que é difícil quebrar o eterno ciclo de presidentes Bucha no Brasil. Todo o trabalho é feito na surdina longe dos holofotes. Além do mais, como atacar uma sociedade que sequer existe? Infelizmente, quando se trata de presidencialismo, o Brasil ainda vai ter muita bucha pela frente...
A verdade está lá fora anulando o voto
Considerações finais:
1 - As ações da Bucha finalmente explicariam o termo "forças ocultas" usado na renúncia de Jânio Quadros em 1961!
2 - Por que Bolsonaro não sofreu o impeachment? Por que ele é uma tremenda Bucha!
3 - Em conversa com o jornalista e escritor Fernando Jorge, ex-aluno da São Francisco, o historiador Pedro Brasil Bandecchi garantiu de forma categórica que a Bucha "ainda existe".
O texto acima é uma obra de ficção e qualquer coincidência com pessoas ou terceiros é meramente acidental ou usada como forma de paródia.