Lara Croft: Tomb Raider

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A série de videogames Tomb Raider é um dos maiores fenômenos de venda no gênero. Lançada originalmente em 1996 já vendeu milhares de unidades em todo o mundo. Esse sucesso não demoraria muito a chamar a atenção do pessoal de Hollywood. E a idéia de fazer um filme com a protagonista, a arqueóloga Lara Croft, parecia mais que simpática. O problema é que transpor as aventuras de Lara para o cinema não era uma tarefa muito fácil. Afinal a Lara Croft do videogames era, à princípio, a respeito de resolver quebra-cabeças, fazer centenas de pulos e atirar em espécies em extinção.

Para o cinema a parte de atirar em espécies em extinção foi, obviamente, deixada de lado. E o que sobra é uma mixórdia de situações, que junta clichês de filmes de ação atuais,— alguém aí pensou em John Woo?— com uma história sem pé nem cabeça e uma pitada de cinema turismo, aquele em que as locações são mais importantes do que está acontecendo na tela.

O filme começa lento e demora a pegar ritmo, o que na verdade não chega a acontecer. Leva um bom tempo até que a história realmente comece. A coisa toda gira em torno de uma sociedade secreta chamada Illuminati, cuja razão social é reaver um objeto sagrado capaz de controlar o tempo. E não estamos falando de meteorologia. Esse artefato foi dividido em duas partes e escondidas em lugares diferentes pelo globo. Pois bem, a nossa heroina saltitante Lara Croft( Angeline Jolie) entra na história, quando sem mais nem menos Lara descobre, debaixo da escada de sua mansão, um relógio que fora escondido pelo seu pai( John Voight, sim pai da Angeline na vida real). O relógio em questão esconde a chave para uma das peças que controla do tempo. Obviamente o pessoal da Illuminati vai querer a tal chave. A partir daí o filme é, basicamente, confusão e correria.

É interessante notar que em determinado momento da trama, Lara consegue reaver uma das peças do artefato. Qual seria a atitude mais lógica a ser feita? Destruir a peça, tornando assim a segunda parte inútil e acabando de vez com o problema e também com o filme. Poupando o espectador da meia hora final de Tomb Raider.

Por incrível que pareça para inventar uma história como essa foram necessários três roteiristas, incluindo o diretor Simon West ( ele mesmo de Con Air). Mas é bem possível que muito mais gente tenha metido a mão nesse roteiro. A produção teve inúmeros problemas, a primeira versão foi rejeitada nas sessões de teste feitas pelo estúdio Paramount e teve que ser remontada as pressas para o lançamento. E o pior: o resultado final realmente parece que foi remontado as pressas. Tem cortes bruscos na trama e inúmeras cenas que parecem gratuitas. Daquelas que dá a impressão que deveria ter uma outra sequência qualquer para explicá-las, mas esta ficou de fora na montagem.

Os produtores de Tomb Raider, aparentemente, não captaram bem o espírito da coisa. Não que alguém tivesse qualquer ilusão a respeito da qualidade do filme. O problema é que mesmo investindo na fórmula mágica de humor, pancadaria e efeitos especiais— não necessariamente nessa ordem ou mesmo em doses proporcionais—, o filme decepciona. Em Tomb Raider, de alguma forma, a coisa toda ficou no meio caminho.

Falando em efeitos especiais... Os melhores efeitos especiais do filme são os peitos de Angeline Jolie, que protagonizam praticamente todas as cenas do filme. Em Indiana Jones era o chapéu de Harrison Ford que nunca caia, mesmo nas cenas de ação mais insanas. Em Tomb Raider são os peitos de Angeline, que permanecem firmes e impávidos, mesmo em seqüências de correria em câmera lenta no melhor estilo Baywatch.

Enfim é preciso que se diga que das experiências anteriores com transposição de personagens de videogames para as telas de cinema( Super Mario Bros, Mortal Kombat e Wing Commander), Tomb Raider é com certeza a mais bem-sucedida, financeiramente falando. O filme rendeu 40 milhões no primeiro fim de semana nos Estados Unidos, tornando-se a melhor estréia de uma película protagonizada por uma mulher naquele país.

Diga-se passagem o filme é um veículo quase que exclusivo para o sucesso de Angelina Jolie. O resto do elenco é composto por desconhecidos que pouco ou nada fazem. Com exceção de Jon Voight, mas esse já começa o filme morto. Assim ele não precisa voltar na continuação.

Apesar dos números da estreia, Tom Raider dificilmente chegará a alcançar os grandes campeões de bilheteria nos Estado Unidos dessa temporada( Shrek , O Retorno da Múmia e Pearl Harbor ). Mas já está no seleto grupo dos filmes que renderam mais de 100 milhões esse ano. O que, a julgar pelos outros filmes da lista, é um bom indicativo do grau avançado de estultice que se encontra boa parte da humanidade nesse início de século.

Saulo Gomes

(Tomb Raider, USA, 2001) Diretor: Simon West: Elenco: Angeline Jolie, Jon Voight, Ian Glen, Daneial Craig, Noah Taylor 100 min.

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