The Spirit – O Filme

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O personagem “The Spirit” de Will Eisner é o portal de entrada de muitos nerds no mundo dos quadrinhos. Sem ele não existiria essa história de quadrinhos para adultos, ou graphic novels. Influente, mas datado, é de se admirar que The Spirit nunca tenha sido transposto para o cinema antes. Mas depois de assistir The Spirit – O Filme fica a clara impressão que era melhor que isso nunca tivesse acontecido.

No filme “The Spirit”(Gabriel Macht) é um ex-policial morto em serviço, que se torna um improvável super-herói, após ressuscitar por alguma razão obscura, muito mal-explicada. Como também não se explica como alguém com uma máscara de zorro pode se tornar irreconhecível.

Na falta de algo melhor para fazer, Spirit tem que combater seu arqui-vilão Octopus (Samuel L. Jackson), que pretende roubar um vaso com o sangue de Heracles para se tornar imortal. Sério. Mas para tornar as coisas ainda mais patéticas, ainda tem a personagem de Sand Saref (Eva Mendes) que é uma ex-namorada de Spirit que se transformou numa ladra de sucesso e vai roubar o tal vaso por engano.

A narrativa usa o mesmo monologo interior de Sin City, só que ainda mais exagerado, quem poderia imaginar que isso fosse possível. No fundo Frank Miller transformou The Spirit numa espécie de pastiche do seu Batman: Cavaleiro das Trevas. Mas cujo resultado final consegue ser mais caricato que Batman & Robin de Joel Schumacher. O que convenhamos não é pouco.

Filmado inteiramente em ‘fundo verde’, The Spirit tem o mesmo clima noir de Sin City, mas aqui a coisa toda parece ser feita com pouca convicção ou esmero. Um dos problemas com o visual do filme é que em momento algum se define em que época realmente se passa a ação. Assim carros da polícia dos anos 50 convivem com personagens falando em celulares, GPS e, só para tornar as coisas mais bizarras, não poderia faltar alguns nazistas na história. Nada que faça muito sentido ou mantenha o interesse por muito tempo.

Agora poderia haver pior escolha para o vilão do que Samuel L. Jackson? que parece vai passar o resto de sua carreira reprisando sua interpretação de “Snakes On a Plane” em todos seus filmes. Mas pior que Samuel L. Jackson só mesmo Scarlett Johannson, que realmente devia se restringir a fazer apenas filmes com Woody Allen e ficar longe do cinema comercial.

Enfim, depois de afundar a franquia Robocop, Frank Miller foi esquecido por Hollywood por mais de quinze anos. Mas o sucesso de “Sin City” (2005), que co-dirigiu com Robert Rodriguez, abriu caminho para que estreasse na direção com The Spirit. Só esperamos que Hollywood o coloque de volta na geladeira por mais quinze anos... A humanidade desde já agradece.

Saulo Gomes

P.S. : Nem sinal do controverso personagem da série ‘Ebony White’, que hoje possivelmente seria considerado politicamente incorreto e racista. Apesar de ser, na época, um dos poucos, senão o único, personagem negro nos quadrinhos americanos.

(The Spirit, USA, 2008) Direção e Roteiro: Frank Miller. Elenco: Gabriel Macht, Eva Mendes, Samuel L. Jackson, Scarlett Johannson. Duração: 108 min.

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