O Discurso do Rei

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Imagine um país no qual o seu líder político mais poderoso tenha problemas graves de dicção. Imagine que devido a esse fato ele sequer consiga se comunicar direito com o seu povo. Apesar disso, ele mantém uma postura arrogante e não quer saber de nenhuma espécie de tratamento. Hein? O quê? Não. O filme O Discurso do Rei, de Tom Hooper, não é uma autobiografia do Lula.

Na verdade, o Discurso do Rei conta a história do rei George VI (Colin Firth), da Inglaterra. Apesar de ser da realeza, ele era gago. A trama começa um pouco antes, em 1925 no estádio de Wembley. O então príncipe Albert, duque de York, segundo filho do rei George V (Michael Gambon), tendo ao seu lado a esposa Elizabeth (Helena Bonham Carter) faz um pronunciamento, digamos assim, comple-ta-tamente pa-patético.

Os súditos - como sói acontecer nesses casos - ficaram em silêncio. Preocupado com o problema, Albert consulta diversos médicos para superar a dificuldade de se expressar. Mas, infelizmente, nada dá certo. Desesperada, Elizabeth tenta salvar o marido procurando um excêntrico especialista australiano Lionel Logue (Geoffrey Rush), que vive em Londres.

Para curar a gagueira de vossa Majestade, Logue tenta quebrar o protocolo real. Isso, é claro, irrita o prepotente Albert. Mesmo com ensinamentos sobre o uso da respiração pelo diafragma e as práticas de relaxamento, o duque segue gaguejando quando fica nervoso. É, como diria um filósofo da pós-modernidade, uma pu-pu-puta falta de sacanagem.

Porém, ele aceita a sugestão de Logie de ler o famoso monólogo do Hamlet "To be or not to be", escutando música. A leitura de Albert é gravada. Completamente aborrecido, o duque vai embora. Tudo começa a mudar no Natal de 1934, o rei George V, sente que está no fim da vida, e explica ao filho a importância do rádio para a monarquia moderna. Para ele os integrantes da realeza precisam ser atores para conquistar seus súditos. E isso faz muito sentido.

Em pânico, ao perceber que precisa usar o rádio para se comunicar, príncipe decide ouvir a gravação do monólogo. Ao ver que não gaguejou decide procurar novamente Logue. E, a partir daí, O Discurso do Rei segue a manjada fórmula "mestre/aluno". Ou seja, o discípulo vai se mostrar reticente mas ao longo do tempo vai aceitando a sabedoria pouco convencional do professor.

Como Deus aju-juda a que-quem não sabe. George V morre. No processo sucessório assume o príncipe Edward VIII, duque de Windsor (Guy Pearce). Por que ni-ninguém que-queria um ga-gago como rei. Só que ele termina sendo recusado pelo Parlamento por se casar com a americana Wallis Simpson (Eve Best), divorciada duas vezes. Um es-escândalo real.

Sobra para Albert, que se transforma em George VI. No meio de tudo isso, explode a Segunda Guerra Mundial e o novo rei tem de fazer um discurso para convocar todos os ingleses. É a ho-hora da verda-da-de. Segundo reza a lenda o discurso pronunciado, em 1939, pelo rádio, tinha quinze minutos, mas durou mais de uma hora...

O Discurso do Rei é um filme esquemático e sem brilho. Lento e verborrágico. Se sustenta basicamente nas interpretações de Colin Firth e Geoffrey Rush. E fi-fim de pa-papo.

J. Tavares

(The King's Speech, ING, 2010), Diretor: Tom Hooper, Elenco: Colin Firth, Helena Bonham Carter, Geoffrey Rush, Guy Pearce, Timothy Spall, Michael Gambon, Derek Jacobi, Andrew Havill, Calum Gittins, Jennifer Ehle, Dominic Applewhite, Ben Wimsett, Jake Hathaway, Claire Bloom, Orlando Wells, Tim Downie, Eve Best, Patrick Ryecart, Duração: 118 min.

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