Tenet
2020 foi Tenet. E isso não significa que Christopher Nolan fez um bom filme. Aliás, muito pelo contrário. Mas é um resumo perfeito desse ano miserável. No começo havia uma grande expectativa. Depois, bastaram 15 minutos para ver que o que vem pela frente seria um completo desastre.
A palavra Tenet é um palíndromo e significa dogma, credo, doutrina e também princípio. Ela ficou famosa graças ao “quadrado de Sator” (Google it). Mas se você acredita que nesse detalhe está a explicação para o filme dirigido por Christopher Nolan pode perder as esperanças.
Ninguém sabe muito bem o que está acontecendo em Tenet. O filme começa com um tiroteio na ópera de Kiev, na Ucrânia. Lá o espectador é apresentando ao protagonista (John David Washington). Sim, com tanta coisa maluca acontecendo na tela, o Christopher Nolan esqueceu de dar um nome ao personagem principal. Em tese ele é um agente da CIA, que se junta à organização misteriosa.
Agora vem a parte difícil, essa organização está tentando descobrir a origem de artefatos que tiveram a sua entropia invertida, ou seja, que caminham temporalmente para trás. Sim, não é viagem no tempo é inversão. É o tempo e a sua cabeça andando de marcha-à-ré.
Como em um filme de 007 regado a LSD, o protagonista passa a se envolver em altas confusões. Para facilitar a sua vida entra em contato com Neil (Robert Pattinson). Esse sujeito merece o troféu gambiarra. Ele consegue dar um jeito para resolver os pedidos mais absurdos do protagonista.
Tudo se resume a impedir os planos do bilionário russo Andrei Sator (Kenneth Branagh). Aparentemente, ele descobriu que no futuro não existe mais vodca. Então, que se dane o mundo. Parar acabar com o vilão, protagonista se aproxima da ex-esposa de Sator, Kat (Elizabeth Debicki), que está sendo chantageada pelo bilionário. Ela acaba aceitando a situação com medo que seu filho, Max, sofra alguma consequência.
Mas essa história aparentemente simples é embaralhada com a questão da inversão. Existe uma sequência de perseguição de carros, na qual metade do tempo avança e metade retrocede. E esse truque vai ser usado à exaustão de forma cada vez mais complexa (a sequência final é um claro exemplo disso). Basicamente, o espectador leva uns 30 minutos para entender um conceito, daí Tenet apresenta outro ainda mais complicado.
Tenet acaba de forma melancólica, com Christopher Nolan repetindo truques de roteiro já utilizados antes em A Origem e Interestelar. Basicamente, o filme termina e a gente se pergunta: "Mas o que diabos aconteceu aqui. Isso não faz sentido". E isso resume exatamente o que foi viver em 2020...
(Tenet, EUA/ING, 2020), Direção: Christopher Nolan, Elenco: John David Washington, Elizabeth Debicki, Robert Pattinson, Kenneth Branagh, Michael Caine, Dimple Kapadia, Martin Donovan, Fiona Dourif, Yuri Kolokolnikov, Himesh Patel, Clémence Poésy, Aaron Taylor-Johnson. Duração: 150 min.