Homem-Aranha 2

Homem-aranha/homem-aranha/
ele não bate/só apanha
Didi Mocó

Homem-Aranha 2 é o melhor filme de super-herói de todos os tempos. Não que isso signifique muita coisa, muito pelo contrário. Porém, se você acredita em gente que coloca a cueca por fora das calças, deve ficar satisfeito com as novas aventuras do herói aracnídeo.

O grande mérito do diretor Sam Raimi é transformar Peter Parker (Tobey Maguire) em um loser de carteirinha, um derrotado profissional. Absolutamente nada dá certo para o herói do filme nos primeiros 30 minutos de filme. É um comovedor festival de incompetência.

A trama começa dois anos após o filme do primeiro filme. Peter desistiu do grande amor de sua vida, Mary Jane Watson (Kirsten Dunst). Tudo para ser Homem-Aranha em tempo integral. Porém, fazer isso ao mesmo tempo em que precisa estudar já é difícil. O pior é ainda ter de lutar para ganhar uns trocados em empregos humilhantes. Realmente, não tá fácil pra ninguém.

Como toda mulher, Mary Jane decide algo na linha: rei morto, rei posto. Já Peter não lhe dá atenção, ela arranja um novo par romântico, justamente o filho de J.J. Jameson (J.K. Simmons), John Jameson (Daniel Gillies). Como se afastou do mundo dos losers, sua carreira artística começa a decolar.

No meio da confusão, seu amigo Harry Osborn (James Franco) resolve apostar todas as fichas de sua cambaleante empresa em uma invenção do Dr. Otto Octavius (Alfred Molina). Como sói acontecer nestes casos, dá tudo errado e um novo vilão surge na cidade: o temível Dr. Octopus com seus perigosos tentáculos.

Para piorar as coisas, a amizade de Peter e Harry começa a desandar. Tudo por que o jovem Osborn desde a morte de seu pai nutre um desejo cada vez mais forte de se vingar do Homem-Aranha. Ele responsabiliza o herói pela morte de seu pai.

Contudo, o filme não fica somente nisso, ainda há a pobre Tia May (Rosemary Harris) sem dinheiro para pagar as contas ia perseguição implacável de JJ Jameson ao Homem-aranha. Com tanta pressão, o herói tem uma crise de estafa e perde temporariamente seus poderes.

Sam Raimi, verdade seja dita, fez um filme autoral. Há uma sucessão de cenas que só podem ter saído da cabeça que de quem dirigiu coisas como Uma Noite Alucinante. O homem-aranha, quem diria, é o único super-herói que lava o seu uniforme.

Os problemas de Homem-Aranha 2 começam logo no início. A opção por transformar a vida do herói em um inferno atrasam demais a ação. A idéia da perda de poderes é boa, mas a justificativa (uma crise de stress) é uma rematada tolice.

No final das contas, quem estava mesmo certo é o humorista Didi Mocó. O Homem-Aranha não bate em ninguém mesmo. É o verdadeiro pobre coitado. Se o Dr. Octopus não decide bancar o altruísta, Nova Iorque já era. Também, quem manda confiar em super-herói que anda de elevador?

J. Tavares

(Spider-Man 2, EUA, 2004), Direção: Sam Raimi, Elenco: Tobey Maguire, Kirsten Dunst, Alfred Molina, James Franco, Elizabeth Banks, Rosemary Harris, J.K. Simmons, Vanessa Ferlito, Ted Raimi, Dylan Baker, Gelbert Coloma, Christina D. Rose, Elyse Dinh, Daniel Gillies, Michelle Grey, Claudia Katz, Daniel Dae Kim, Joel McHale, Donna Murphy, Matthew J. Pellowski, Bruce Campbell, Duração: 127 min.

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