Três é Demais

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Esse filme deveria vir na capa com a inscrição: For Losers Only. Pois seu conteúdo só pode interessar aqueles que nasceram para perder. Para essa gente o personagem Max Fischer(Jason Schwartzman) é um modelo a ser seguido. Max é uma figurinha esquisita que na vida real seria o saco de pancada do colégio. Mas que nesse filme tem todas suas excentricidades, estranhamente, perdoadas. Filho de um barbeiro ele é uma espécie de parasita da Rushmore Academy, uma renomada instituição de ensino, a qual não poderia freqüentar se não tivesse uma bolsa de estudo. Em Rushmore Max passa grande parte do seu tempo desenvolvendo todo tipo de atividades extracurriculares instigantes, como: esgrima, xadrez e teatro. Suas notas são medíocres, mas ele se mantém na escola por complacência dos professores e pela arte da bajulação. Afinal todo losers que se preze é um puxa-saco por excelência.

Mas um belo dia, Max conhece Miss Cross(Olivia Williams) uma meiga, viuva e carente professora da primeira série e acaba se apaixonando por ela. Não existe a menor chance dele conseguir conhecê-la biblicamente, mas isso não é importante para um loser: pois o amor não correspondido ou platônico é a única forma de relacionamento que essa gente conhece. Assim, Max está no paraíso.

Mas não vai demorar muito para Max meter os pés pelas mãos, exagerar na dose afeição, como geralmente fazem, pela professorinha e acabar sendo expulso da escola. Não sem antes ficar amigo de Mr. Blume (Bill Murray que jurava que iria ser indicado ao Oscar por esse filme) um industrial milionário, que vai servir de mensageiro de Max junto a Miss Cross. Acontece que Mr. Blume também se apaixona pela professorinha, mas como ele dirige um Jaguar e é um milionário, suas chances são bem maiores do que as de Max.

Ao saber das intenções de Mr. Blume, Max parte, literalmente, para o ataque. Assim os dois acabam iniciando uma disputa absurda para ver quem vai ficar com a professora. Obviamente nenhum dos dois conquista seu  objeto de desejo. E o filme termina de maneira constrangedora, num final apócrifo do tipo: todos losers reunidos convivendo em perfeita harmonia e comunhão.

O diretor Wes Anderson, que também escreveu o filme, parece, realmente, acreditar que alguém engoliria uma história como essa. O filme as vezes parece um conto de fadas, por exemplo: depois de sair de Rushmore Max vai para escola pública, onde na vida real alguém como ele seria feito em pedaços, e tenta estabelecer os mesmos padrões e atividades extracurriculares de sua antiga escola. Por favor, desde quando uma escola pública tem verba para um clube de esgrima?

Para quem ainda se interessar, Rushmore tem uma boa trilha sonora com bandas seminais dos anos 60, como: The Who, Kinks e outras mais obscuras como, Creation.

Saulo Gomes

P.S.: O título nacional, além de absurdo, está errado. O imbecil do departamento de criação não viu o filme. Alguém deve ter dito para o infeliz que Rushmore se tratava de um triângulo amoroso entre Max, Miss Cross e Mr. Blume. Só que ele se esqueceu do namorado da professora, ou seja, esse triângulo tem quatro lados...

(Rushmore, EUA, 1998 ) Direção: Wes Anderson. Elenco: Jason Schwartzman, Bill Murray, Olivia Williams, Seymour Cassel, Brian Cox. 120 min.

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