Refém do Silêncio

Toda a teoria freudiana, todo o pensamento do criador da psicanálise pode ser resumido em pouco menos de duas horas? Claro que sim. Pelo menos é o que acreditam os produtores de Refém do Silêncio. Tudo bem que Freud foi um picareta espertalhão (Segundo ele o bebê tem orgasmos. Alguém pode provar que sim ou que não?) mas apatifar o que já é apatifado é dose para mamute.

O proeminente psicanalista de Nova Iorque Dr. Nathan Conrad (Michael Douglas) vive tranqüilo enganando seus incautos pacientes. Porém, no momento em que estava se dirigindo para casa ver sua filha e sua esposa no Dia de Ação de Graças, seu colega Dr. Louis Sachs (Oliver Platt) pede para ele que veja uma paciente muito especial. Elisabeth Burrows (Brittany Murphy, sem a menor capacidade para interpretar um papel tão complexo) é uma maluca com um estranho enigma. Repete sem parar a seguinte frase: "Você quer o que eles querem. Mas eu nunca vou contar nada... para ninguém!".

Ora, se o médico fosse uma pessoa sensata iria para casa aproveitar a vida. Se a paciente não quer falar nada, tudo bem. Afinal, cada um com seus problemas. Contudo, a filha de Nathan é seqüestrada por criminosos cruéis e impiedosos. E os bandidos querem justamente que o doutor resolva a charada. A paciente maluquinha tem gravado em sua memória um número de seis dígitos. Basta que ele descubra o segredo e sua filha não será morta.

Assim, Michael Douglas começa um inconcebível curso de psicologia "for dummies". Com uma sucessão de interpretações sem sentido baseadas em suposições meramente aleatórias ele chega na resposta certa. Ou seja, só mesmo na tela grande para a psicanálise dar certo. Enfim, o filme não é Refém do Silêncio, mas sim da falta de imaginação e da cara-de-pau dos roteiristas.

J. Tavares

(Don't Say A Word, EUA, 2001), Direção: Gary Fleder, Elenco: Michael Douglas, Sean Bean, Brittany Murphy, Guy Torry, Jennifer Esposito, Famke Janssen, Oliver Platt, Skye Mccole Bartusiak, Conrad Goode, Duração: 110 min.

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