Rambo IV
Se houvesse um troféu para o ator (sic) mais sem noção de Hollywood, o prêmio certamente iria para Sylvester Stallone. A idéia de ressuscitar a série Rambo beira à insanidade. É a primeira vez que se vê na tela do cinema um veterano da Guerra do Vietnã entupido de botox.
Verdade seja dita, nem mesmo em sua fase decadente a ZeroZen conseguiu chegar perto de Sylvester Stallone. Eis alguém que sabe mesmo como enfiar no pé na jaca. Para trazer o personagem Rambo de volta, Stallone resolveu não arriscar. Fez o mesmo filme de sempre. O veterano do Vietnã destrói o exército inteiro de um país para cumprir sua missão.
Em tom documental, o filme inicia mostrando que uma guerra civil acontece há quase 60 anos na fronteira com da Tailândia com a Birmânia. Diga-se de passagem, o país já até mudou de nome, atualmente se chama Mianmar. Aliás, foi em 18 de junho de 1989, que o regime militar birmanês anunciou que o nome oficial do país passaria a ser União de Mianmar. A nova designação foi reconhecida pelas Nações Unidas e pela União Européia, mas não pelos governos dos EUA e Reino Unido
Enfim, há uma feroz batalha aenvolvendo os birmaneses e a tribo karen. John Rambo (Sylvester Stallone) vive justamente no norte da Tailândia, onde pilota um barco no rio Salween. Ele está cansado de lutar, tudo o que deseja é levar uma vida simples e solitária. Claro que isso fosse mesmo verdade não existiria um Rambo IV...
Um belo dia, quando John Rambo (Sylvester Stallone) está curtindo mais um dia de tédio sem nem mesmo ter um computador para jogar paciência, surgem Sarah Miller (Julie Benz) e Michael Burnett (Paul Schulze). Eles são dois missionários que desejam levar alimentos e remédios às pessoas afetadas pela guerra.
Rambo explica claramente que é uma aventura arriscada. Que entrar em um país em guerra não é um bom negócio, que o melhor que os missionários têm a fazer é retornar aos Estados Unidos e distribuir esmolas para os mendigos nos sinais. Ninguém o escuta. Depois de ouvir um pedido desesperado de Sarah, Rambo muda de idéia e os ajuda a chegar em seu destino com segurança.
Porém 10 dias depois o pastor Artur Marsh (Ken Howard) o procura, dizendo que os missionários foram capturados. Marsh sabe, contudo, que não é por acreditar em Deus, que é preciso ter fé no sistema. Então contrata mercenários para resgatar os missionários desaparecidos.
O pastor insiste para que Rambo leve os mercenários até o local onde ele deixou os missionários. Porém, o ex-veterano do Vietnã coloca a faca na cintura, pega o arco-e-flecha, põe a fita vermelha na testa, toma algumas doses do remédio para artrite e decide participar da operação de resgate.
A partir daí o pau come. Rambo IV é filme mais violento da série. A quantidade de birmaneses trucidados é impressionante. O destaque fica por conta do inusitado uso de uma mina Claymore plantada no pé de uma bomba Tallboy da 2ª Guerra perdida no meio da mata. O vilão da vez, o militar anônimo que lidera o pelotão birmanês, não é lá muito assustador. Ele se limita a consumir cigarros sem parar enquanto ordena o massacre de aldeões indefesos.
Claro que Rambo vai dar o troco, salvar o dia e trucidar todo mundo que ficar pela frente no velho estilo dos filmes de aventura dos anos 80. O filme, claro, é absurdamente ruim. Sylvester Stallone tem tanto botox que franzir as sobrancelhas é um esforço brutal. Mesmo para os saudosistas, os eternos defensores da década de 80, Rambo IV mostra que certas idéias precisam ficar enterradas no passado. Ou alguém espera que Sylvester Stallone faça um "Cobra 2"?
P.S. - Uma curiosidade: em uma rápida cena durante um pesadelo, Rambo é morto pelo Cel. Trautman, em alusão à cena deletada do filme original, que existe no livro no qual o roteiro foi baseado.
(Rambo IV, EUA, 2008), Direção: Sylvester Stallone, Elenco: Sylvester Stallone, Julie Benz, Graham McTavish, Reynaldo Gallegos, Jake La Botz, Tim Kang, Maung Maung Khin, Paul Schulze, Cameron Pearson, Ken Howard, Matthew Marsden, Duração: 91 min.