Contos Proibidos do Marquês de Sade
Epa! Epa! Parem as prensas! O Marquês de Sade foi um paladino da justiça e da liberdade? Um injustiçado e criativo escritor? Como é possível realizar um filme sobre o criador do sadismo (que adorava chicotear e torturar até a morte prostitutas) onde só o Geoffrey Rush aparece pelado? Contos Proibidos do Marquês de Sade é isto mesmo que o leitor está pensando: um tremendo desperdício de celulóide.
Geoffrey Rush, interpreta o papel do sádico Marquês. Aliás, concorreu ao Oscar de melhor ator e perdeu merecidamente. Rush tem uma interpretação exagerada e caricata, quase no limite da canastrice total. O filme se passa em um hospício onde o Marquês é encarcerado. Seus textos seriam obscenos demais para serem lidos. Claro que o Marquês, ardiloso e espertalhão, vai dar um jeito de continuar escrevendo. Para isso conta com a ajuda de uma empregada do lugar Madeleine (Kate Winslet), que acredita que um tapinha não dói.
Para piorar as coisas o padre que comanda a instituição Abbe Coulmier (Joaquin Phoenix) está louco para conferir a profundidade de popa da mocinha do Titanic. Enquanto isto, o libertário, o moderno, o simpático Marquês vai escrevendo um texto sórdido atrás do outro. Tudo muda com a chegada de um novo chefe que é adepto da linha bata-primeiro-pergunte-a-doença-depois, Dr. Royer-Collard (Michael Caine).
O diretor Philip Kaufman ao invés de concentrar suas forças na empregada funkeira perde tempo mostrando a luta do inocente Marquês para ser compreendido. Uma distorção tão gratuita da história que chega a tornar o filme em certos momentos (para ser mais exato em 99% do tempo) absurdamente ridículo. De fazer inveja a muitos trash movie.
Só para constar: o Marquês de Sade é tão adepto da tortura que até mesmo seus leitores sofrem ao ler os textos, que são incrivelmente ruins.
(Quills, EUA, 2000), Direção: Philip Kaufman, Geoffrey Rush, Kate Winslet, Joaquin Phoenix, Michael Caine, Billie Whitelaw, Patrick Malahide, Amelia Warner, Jane Menelaus, Duração: 123 min.