Pearl Harbor

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É realmente difícil falar de Pearl Harbor. São tantos os erros e os equívocos que fica impossível não perder o rumo. A catástrofe comandada pelo diretor Michael Bay dura excruciantes 182 minutos. Tempo mais do que suficiente para dormir um cochilo reparador. O filme conseguiu o prodígio de ser pior do que Titanic, aliás pior do que um filme ruim é um filme ruim que dura mais de três horas.

O produtor Jerry Bruckheimer (de A Rocha e Con Air) quis fazer o seu pé-de-meia com um romance água-com-açucar no meio batalhas espetaculares de guerra. E não poupou dinheiro para criar mais um campeão de bilheteria. Mas nada dá certo. O roteiro de Pearl Harbor (de autoria de Randall Wallace) é uma avalanche de clichês capaz de fazer novela mexicana parecer Shakespeare. Os diálogos beiram a oligofrenia, são tão constrangedores que parecem saídos da cabeça de uma aluna do jardim de infância.

Pearl Harbor conta a história do ataque japonês as forças americanas no Oceano Pacífico. O pessoal do pokemon fez um ataque surpresa devastador. Simplesmente demoliu com a frota do Tio Sam. Um verdadeiro chocolate militar. Entretanto, a agressão acabou resultando na entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial e os japoneses acabaram pagando caro pela insolência, inclusive, com a famigerada bomba atômica.

Dois pilotos com muito pouco recheio no cérebro Rafe McCawley (Ben Affleck) e Danny Walker (Josh Hartnett) estão na base militar de New Jersey sem muito o que fazer. Perdem tempo destruindo caças do exército americano para desespero do Coronel Jimmy Doolittle (Alec Baldwin). Como ninguém é de ferro, os valorosos soldados do Tio Sam saem à noite em busca de fagocitáveis enfermeiras. Atenção, Conselho Regional de Enfermagem!!! Por que vocês não proíbem a exibição de Pearl Harbor? Todas as profissionais do ramo representadas no filme são mais fáceis de violar do que Painel do Senado.

Enfim, a liberal e liberada enfermeira Evelyn (Kate Beckinsale) se apaixona por Rafe. Tudo vai às mil maravilhas até que Rafe resolve atender o chamado da guerra e partir para a luta na Inglaterra. As mulheres feias, a cerveja quente, a possibilidade de morrer, tudo parece muito fascinante. Diga-se de passagem a dedicada Evelyn se oferece para passar uma noite (leia-se sexo selvagem e insano) com Rafe antes de sua viagem para Londres. Porém, o soldado, que tem um pedido de Deus de desculpas no lugar do cérebro, recusa.

Assim Evelyn e Danny acabam indo parar na pacífica ilha de Pearl Harbor. Tudo é calma e tranqüilidade. Infelizmente, um dia Evelyn recebe a notícia da morte de seu namorado. O avião de Rafe caiu no mar e ele morreu, se espatifou, virou pastel. Como toda enfermeira séria, responsável, que se dedida ao máximo a tão nobre profissão, ela resolve depois de algum tempo concluir que rei morto, rei posto. Logo a carismática Evelyn está jogando charme para cima do abobado da enchente Danny.

Ambos, é claro, se apaixonam perdidamente. Uma coisa realmente muito meiga. Contudo, Rafe não havia morrido!! Sim, catatônico leitor. Este foi o truque mais empolgante que os roteiristas puderam encontrar! Obviamente que, como existe um terceiro interessado, as coisas se complicam. Justamente no ponto em que o espectador está no auge da raiva por ter de aturar uma trama tão pífia acontece o esperado ataque japonês. Daí para frente Pearl Harbor se transformar em um filme de guerra comum com um gigantesco orçamento. O recorde de pneus queimados em explosões deve ter sido batido neste filme pela turma dos efeitos especiais.

São 40 minutos de confusão e correria. Não por acaso são as melhores cenas do filme. As batalhas áreas, apesar de toda a produção, perdem até para as de Ases Indomáveis. Uma curiosidade: o tanque de combustível dos caças Zero japonês era relativamente pequeno. Assim estes aviões jamais poderiam ficar dando voltas na Ilha como mostra o filme. Era achar o alvo atirar o míssel e voltar à base. Além disso, o diretor Michael Bay esqueceu de mostrar os pilotos kamikazes e suas últimas palavras mortais.

Como o filme Pearl Harbor é americano, o pessoa da terra do Tio Sam deu um jeito de transformar a derrota em vitória. Depois do ataque militar japonês, é preciso mostrar a vingança dos EUA, que veio sob a forma de um bombardeio a cidade de Tóquio. Aliás, já existe um bom filme sobre este assunto chama-se 30 Minutos sobre Tóquio, estrelado por Spencer Tracy. Para terminar o top ten dos clichês, os dois pilotos que disputam o amor da cândida enfermeira se envolvem na missão suicida e, é lógico, um deles irá morrer.

Pearl Harbor termina como inicia levando do nada ao lugar nenhum. Entre um romance para moças ou um filme de guerra para a patuléia, o diretor Michael Bay consegue errar em tudo. A trama poderia ser contada com folga em 90 minutos. E, em cinema, tamanho com certeza não é documento.

J. Tavares

(Pearl Harbor, EUA, 2001), Direção: Michael Bay, Elenco: Ben Affleck, Josh Hartnett, Kate Beckinsale, Cuba Gooding, Jr., Jon Voight, Alec Baldwin, Dan Aykroyd, Cary-Hiroyuki Tagawa, Duração: 182 min.

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