A Partilha
O cinema brasileiro parece ter percebido o óbvio. Não se fazem filmes sem público. E para ter algum retorno de bilheteria é preciso ser, no mínimo, simpático. Chega de chatices egocêntricas e diretores pseudo-revolucionários. A Partilha é um exemplo claro dessa nova visão. O problema é que o país ficou tanto tempo criando bombas insuportáveis que agora não sabe mais como realizar um espetáculo cinematográfico razoável.
A Partilha é um daqueles filmes do tipo: "valeu pela tentativa, mas melhor sorte na próxima". No enterro da mãe quatro irmãs se reunem. Selma (Gloria Pires), Regina (Andrea Beltrão), Lúcia (Lilia Cabral) e Laura (Paloma Duarte) começam o filme dizendo meu bem, meu bem e como sói acontecer nos casos em que muito dinheiro está envolvido mudando o discurso para meus bens, meus bens!
Selma é a irmã conservadora e dona de casa perfeita casada com um marido militar (Herson Capri) leva uma vida medíocre. Porém acaba se apaixonando pelo corretor Bruno Diegues (Marcello Antony), que tenta vender o apartamento da sua mãe. Regina é amante da magia, manuais de auto-ajuda e sexo sem compromisso. A mulher liberal e liberada. Lúcia mora na França. Largou seu primeiro marido para ser esposa de um açougueiro, mas tem de enfrentar a rejeição do filho Maurício (Thiago Fragoso), que ficou no Brasil. Laura é a caçula, metida a intelectual. É jornalista, o que é um sinônimo de pobreza absoluta. E como toda a mulher moderna tem a sua própria namorada.
Como o filme é baseado em uma peça de Miguel Fallabella não há muito o que esperar. A Partilha escapa por pouco do teatro falado, graças a uns tímidos esforços de direção de Daniel Filho. O resultado final é insosso, insípido e inodoro e facilmente esquecível. Talvez porque o desempenho das atrizes, com exceção de Glória Pires, deixa muito a desejar. No fim das contas o melhor a fazer é partir para outra.
(A Partilha, BRA, 2001), Direção: Daniel Filho, Elenco: Elenco: Gloria Pires, Andrea Beltrão, Lilia Cabral, Paloma Duarte, Herson Capri, Fernanda Rodrigues, Marcello Antony, Chica Xavier, Duração 110 min.
