Oppenheimer

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Oppenheimer é um filme. Mas parece durar tanto quanto uma mini-série da Netflix. Oppenheimer era um físico de algum renome e foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento da bomba atômica.

O filme poderia ter acabado no lançamento da bomba em Hiroshima e Nagasaki, mas ainda se arrasta por mais ou menos uma hora com o julgamento de Oppenheimer (Cillian Murphy). Um julgamento, não por ele ter idealizado a bomba, mas por ter, supostamente, revelado o “segredo” para Rússia. Por razões pacifistas? Para dar uma de Thanos e ter um mundo perfeitamente equilibrado? Não, comuna fobia. Coisa de americanos.

É bom notar que as bombas foram lançadas quando a Alemanha já tinha se rendido e Hitler se matado. Mas os Estados Unidos continuavam em guerra com o Japão, por alguma razão, leia um livro para saber.

A logística de uma guerra entre Japão e Estados Unidos é no mínimo curiosa. Apenas o oceano Pacífico separa os dois países. Tipo, era realmente necessário lançar as bombas? O filme discute isso brevemente. Com ajuda de alguns amigos importantes de Oppenheimer, entre eles: Albert Einstein (Tom Conti)!

Mas fica em cima do muro. E não se aprofunda muito no assunto. Esperem uma mini-série da Netflix para isso. Ou não. De fato, a trama tenta contar a história da criação da bomba atômica pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Mas faz isso de uma maneira irritantemente capenga. J. Robert Oppenheimer seria uma espécie de “cientista louco” e o resultado de seus esforços trouxe a humanidade muito mais próxima do apocalipse.

Oppenheimer, porém, usa três histórias correndo em paralelo. A trama foca na vida romântica e nos relacionamentos de Oppenheimer. Aparentemente, ele nao era só um físico teórico, gostava mesmo de uma prática. Além disso, existem as tentativas pós-guerra de seus inimigos para revogar sua autorização de segurança. Além disso, ainda existe a audiência no Congresso em que Lewis Strauss (Robert Downey Jr.) – o fundador e presidente da Comissão de Energia Atômica dos EUA – está prestes a ser confirmado para um cargo no gabinete presidencial.

Inclusive o problema de Oppenheimer é simples. A parte dos relacionamentos parece apenas um pretexto para a nudez de Florence Pugh. Ela faz o papel de Jean Tatlock. Honestamente, não há nada que justifique sua presença em tela. A parte dos julgamentos é um tédio só. Basicamente mostra Oppenheimer se defendendo de inúmeros questionamentos tão injustos quanto inúteis. Também a audiência no Congresso dá um peso desnecessário a Lewis Strauss. Ele definitivamente não é o personagem principal.

O local onde realmente se desenvolve a história, onde Nolan deveria apostar todas as fichas é Los Alamos. Inclusive porque houve vazamentos de informações. Para desespero do coronel Leslie Groves (Matt Damon). Inclusive, muitos dos avanços obtidos acabaram sendo compartilhados com os russos. E os soviéticos também conseguiram a tecnologia da bomba. Isso leva a uma investigação feita por Boris Pash (Casey Affleck) sobre a "fidelidade" de Oppenheimer. Ou seja, esse é um personagem importante que acabou desperdiçado em um roteiro que foca muito tempo e esforço em cenas que não importam.

Sim, há um nítido esforço de Nolan como diretor. Ele tenta dar um caráter bombástico em cada cena. Mesmo que boa parte do filme seja focada em uma sucessão de interrogatórios sem qualquer relevância. O encontro entre Oppenheimer e Albert Einstein é outro exemplo de ideia interessante mal-explorada. No fim das contas, é melhor Nolan ganhar logo um Oscar e voltar a fazer cinema.

Saulo Gomes

P.S.1: Caros, cineastas ao fazerem um filme sobre nazistas não façam um que pareça durar mais que a segunda guerra mundial!

P.S.2: O elenco estranhamente é recheado de atores sobreviventes dos anos 90. Gente como: Robert Downey Jr., Emily Blunt e Matt Damon. Seria por causa da greve dos atores americanos?

(Oppenheimer, EUA, 2023), Direção: Christopher Nolan, Elenco: Cillian Murphy, Florence Pugh, Robert Downey Jr., Emily Blunt, Matt Damon, Josh Hartnett, Rami Malek, Gary Oldman, Devon Bostick, Jack Quaid, Matthias Schweighöfer, Josh Peck, Kenneth Branagh, Ben Safdie, David Krumholtz, Jason Clarke, Casey Affleck, Louise Lombard, David Dastmalchian, Tom Conti, Duração: 181 min.