Mulher-Gato

Muitos críticos apontaram Mulher-Gato como um dos piores filmes do ano. Isto é uma brutal injustiça. Ele é, com certeza, um dos piores da década. Trata-se de um exemplo clássico de OCNI (Objeto Cinematográfico Não Identificado). Se Halle Berry, queria voltar ao topo das bilheterias certamente apostou no cavalo, ou melhor, no felino errado.

O filme é vagamente (mas bota vagamente nisso) inspirado na personagem de mesmo nome da DC Comics. Claro que mais uma vez os produtores da Warner resolveram mudar a essência dos quadrinhos, tudo para agradar a todo tipo de platéia. O resultado, como não poderia deixar de ser é um imenso desastre.

A trama começa com a tímida designer gráfica Patience Phillips (Halle) em crise. Ela precisa terminar a campanha para um novo cosmético da Hedare Beauty. Seus dois chefes George (Lambert Wilson) e Laurel Hedare (Sharon Stone) são um verdadeiro pé-no-saco. Com tanta pressão, ela acaba desenhando um trabalho ruim.

Então, pobre Patience é obrigada a refazer tudo. Para garantir seu emprego decidev entregar pessoalmente na sede da empresa o resultado de seu esforço. Então acaba por ver o que não devia. O novo cosmético da Hedare é um desastre para a saúde. Patiente é descoberta e acaba obrigada a fugir. Em um toque de gênio, decide se esconder em um enorme tubo que serve para a retirada de dejetos tóxicos.

Decididamente, Patience não tem sorte. Os bandidos abrem as comportas e ela é jogada para fora do lugar. E morre. Se o filme terminasse nesse porto talvez não fosse um desastre. Mas a trama prossegue. Um gato mágico aparece e observa o cadáver da designer abandonado em um terreno pantanoso. Como o bichano tem nove vidas não se importa em emprestar uma a Halle Berry.

Patience renasce com super-poderes. Ela virou uma mulher-gato. Pode pular a grandes alturas, ter um equilíbrio digno de ginasta olímpica, tomar leite no pires, arranhar o sofá e mijar na caixinha de areia. Com poderes bizarros surgem mentores estúpidos. Ela então encontra Ophelia Powers (Frances Conroy) que tenta explicar, à maneira de um escritor de livros de auto-ajuda, o que diabos está acontecendo.

Para a supresa da designer (e da platéia), ela é a última em uma longa linhagem de mulheres que foram escolhidas através dos séculos para receber estes poderes extraordinários. Existem, portanto, centenas de mulheres-gatos (muitas delas, aliás, posaram para a Playboy). E agora, em sua nova vida, Patience terá caminhar no delicado equilíbrio entre o bem e o mal.

Porém, mulher-gato que se preze não volta para casa sozinha e sabe fazer um homem ronronar sem sentir dor. Então, em um período de cio, Patience conhece o detetive Tom Lone (Benjamim Bratt). O policial, que não é bobo nem nada, rapidamente apaixona pelo carisma da designer. Afinal, é difícil encontrar mulheres que gostem de miar na hora do orgasmo. O problema é que alguém está cometendo uma onda de roubos na cidade e a mulher-gato parece ser a culpada.

Então, subitamente, o roteiro se lembra que é preciso pegar os vilões. Sim a maligna (como é que ninguém pensou nisso antes) indústria do cosmético precisa ser castigada. O problema é que Patience esqueceu quem foram os culpados pela sua morte. É... realmente assim fica difícil. Então a mulher-gato veste o seu uniforme de couro e sai pulando nos telhados da vida para tentar descobrir os culpados.

Mulher-gato é dirigido pelo inexpressivo Pitof (isso só pode ser nome de cachorro). Ele deve ter assinado com pseudônimo. A curiosidade é que muitos críticos disseram que Halle Berry sofre da maldição do Oscar. Ou seja, depois de ganhar a estatueta não conseguiu fazer mais nenhum filme onde pudesse mostrar seu talento. Isto é ridículo. Berry não possui nenhum talento a não ser preencher a tela com sua beleza, de preferência em roupas minúsculas. E exatamente para quem valoriza este tipo atuação é que Mulher-Gato foi feito.

 J. Tavares

(Catwoman, EUA, 2004), Direção: Pitof, Elenco: Halle Berry, Sharon Stone, Benjamin Bratt, Lambert Wilson, Alex Borstein, John Cassini, Frances Conroy, Michael Daingerfield, Aaron Douglas, Byron Mann, Duração: 104 min.

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