Max Payne
Max Payne, ‘o jogo’ foi lançado em 2001 e ganhou uma continuação no ano seguinte. E continua sendo lembrado até hoje como um dos melhores jogos de ação em terceira pessoa já feitos. O uso inédito, na época, do efeito de bullet-time, inspirado nos filmes de John Woo, e a ação desenfreada se tornaram sinônimo da série.
Mas não espere nada disso em Max Payne - O filme. Ao contrário do videogame, tudo o que Max Payne, consegue é induzir o telespectador ao sono. A narração em off de Payne, pensem em Sin City de Frank Miller, mas ainda mais exagerado, as seqüências que usavam graphic novel e o clima noir do jogo foram substituídos por um ritmo lento, com raras cenas de ação e uma história que consegue o prodígio de fazer menos sentido que a do videogame.
Notem que a maioria dos jogos para computador rouba idéias do cinema em seus enredos. E convenhamos Hollywood já fez vários filmes sobre policiais que vingam a morte de sua mulher e filho. Também já fez sobre grandes corporações que desenvolvem drogas para o exército para melhorar o desempenho dos soldados, mas que no fim acabam os tornando em viciados incontroláveis.
Esses são todos temas recorrentes do cinema. Agora de quem foi a idéia de misturar tudo isso com mitologia nórdica, colocando em cena ‘Valkyries’ da Escandinávia, demônios alados que surgem em alucinações para os viciados e acabam matando eles. Tipo, essa droga é melhor do que crack! Detalhe: isso não está presente na história original do jogo. Hum, depois são os roteiros de videogames que não fazem sentido...
Já Mark Wahlberg como Max Payne consegue ter a expressividade de peso de papel. Além de ser uma péssima escolha para interpretar Payne, Wahlberg atua com o freio de mão puxado, como se tivesse descoberto, depois de assinar o contrato, que estava num filme baseado num videogame. O que aparentemente aconteceu.
Mas todo o elenco está fora de sintonia, Mila Kunis, a ‘Jackie’ do seriado "That '70s Show", como Mona Sax, é simplesmente errado. O único que parece ter algum interesse, possivelmente financeiro, pelo o que está fazendo é o veterano Beau Bridges como BB Hensley, um personagem que não existe no jogo. O que é sintomático.
Max Payne sumariza tudo o que há de errado com o cinema hoje em dia, não entretém ou diverte, não serve nem mesmo para vender pipoca. É apenas uma total perda de tempo. E quem tem tempo para perder hoje em dia? E sim, numa cena extra depois dos créditos finais, quando ninguém mais está prestando atenção, o filme deixa em aberto o caminho para uma continuação...
(Max Payne, EUA, 2008) Direção: John Moore. Elenco: Mark Wahlberg, Mila Kunis, Ludacris, Beau Bridges, Chris O'Donnell, Donal Logue, Nelly Furtado. Duração: 100 min.