Marcas da Violência

Se você votou "Não" no referendo sobre a proibição da comercialização de armas e munição então Marcas da Violência vai ser o filme da sua vida. A obra dirigida por David Cronenberg (surpreendentemente contido) passa uma mensagem simples e direta: "a vida nos coloca uma série de obstáculos, mas nada que uma arma e um pouco de violência não resolvam".

O roteiro de John Olson é baseado em uma graphic novel (nome besta para definir quadrinhos para adultos) de John Wagner e Vince Locker. A trama começa em uma pequena cidade dos Estados Unidos, onde Tom Stall (Viggo Mortensen) leva uma vida tranqüila.

Ele é dono de uma lanchonete e está casado com a advogada Edie (Maria Bello). Além disso, tem um filho adolescente Jack (Ashton Holmes) e uma filha pequena Sarah (Heidi Hayes). Eles levam uma vida de classe média sem maiores novidades ou emoções. Até que um dia a lanchonete de Stall é assaltada por dois homens.

O microempresário mostra então que é um eleitor do não. Reage rapidamente ao assalto, pega o revólver de um dos assaltantes e consegue matar os dois criminosos. O incidente se torna conhecido em todo o país. De uma hora para outra Tom Stall vira uma celebridade nacional com seu rosto divulgado em todos os telejornais.

Tanta popularidade leva Stall a receber a visita do misterioso Carl Fogarty (Ed Harris). Ele diz que conhece Tom há muitos anos. Pior ainda, afirma que o mais novo herói nacional é na verdade um matador de sangue-frio capaz de sair trucidando a tudo e a todos na Filadélfia. Tom Stall faz o que qualquer deputado do Congresso Nacional faria. Ou seja, nega tudo.

Enquanto isso, o Jack descobre que filho de psicopata, psicopatinha é. Depois de ser ameaçado por valentões no colégio, decide reagir. Parte com tudo para cima do garoto mais arrogantes da escola. Ele dá uma surra tão grande no infeliz que o manda direto para o hospital.

Apesar de ser um bom pai de família, Tom percebe que seu mundo está desmorando. Então faz o que qualquer eleitor do "Não" faria. Resolve eliminar todos os seus problemas de uma vez por todas. De preferência com uma bala na cabeça. Assim, viaja para Filadélfia para um confronto final.

Por mais que David Cronenberg se esforce para dourar a pílula, Marcas da Violência parece mais um filme de Charles Bronson do que um tratado sobre a agressividade na sociedade contemporânea. No fundo, é a mesma história de sempre contada de maneira arrastada e com um pouco mais de estilo.

J. Tavares

(A History of Violence, EUA, 2005), Direção: David Cronenberg, Elenco: Viggo Mortensen, Maria Bello, Ed Harris, William Hurt, Ashton Holmes, Peter MacNeill, Stephen McHattie, Greg Bryk, Sumela Kay, Kyle Schmid, Deborah Drakeford, Gerry Quigley, Heidi Hayes, Aidan Devine, Bill MacDonald, Duração: 96 min.

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