Madame Web
Duas coisas o incauto zeronauta precisa saber sobre Madame Web: essa “web” do título não tem nada a ver com a Internet e esse filme foi produzido pela Sony. Por quê? A empresa vem tentando desesperadamente criar um universo expandido com os personagens conectados ao Homem-Aranha. Mas o filme foi um fracasso tão grande que a ideia pode ter sido abortada. Ainda bem.
Esse filme é sobre aranhas. E pasmem homens aranhas peruanos. Uma aranha encontrada somente na Amazônia peruana tem um veneno tão poderoso que, supostamente, pode servir para desenvolver novas vacinas para várias doenças. Por isso, em 1973, Constance Webb (Kerry Bishé) viaja grávida de oito meses para o meio do nada. Parece ruim? Fica ainda pior.
Segundo mitologia local, existe uma raça de “homens aranhas”. Eles são chamados de Las Arañas. Em tese protegem a floresta com habilidades especiais. Na busca pelo aracnídeo milagroso, Constance contrata Ezekiel Sims (Tahar Rahim). O problema é que ele quer usar a aranha para outros fins. A partir daí é um verdadeiro samba do crioulo doido peruano.
Podemos parar por aqui? Precisamos mesmo continuar? O começo é bem Tomb Raideriano, mas logo muda rapidinho para um “plantão médico” bisonho. O roteiro foi assinado pela mesma dupla que cometeu aquele projeto de OCNI (Objeto Cinematográfico Não-Identificado) chamado Morbius. Sim. Qual o prêmio por criar uma trama ridícula? Ganhar ainda mais dinheiro para fazer outra atrocidade. Verdade seja dita: Burk Sharples e Matt Sazama contaram desta com o auxílio de Kerem Sanga. Mas parece não ter adiantado muito.
De qualquer forma, depois das aventuras na selva peruana, o filme avança para 2003. Ou seja, 30 anos se passaram. A trama agora acompanha o cotidiano de Cassandra Webb (Dakota Johnson) , uma paramédica em Manhattan. Seu parceiro de ambulância e profissão é Ben Parker (Adam Scott). Sim. Ele mesmo. O Tio Ben que gosta de avisar que com grandes poderes vem grandes responsabilidades.
Após um acidente, Cassandra tem seus poderes psíquicos despertados, uma cortesia da aranha que salvou a sua vida durante seu nascimento. Então, ela vê três garotas em perigo: Julia Carpenter (Sydney Sweeney), Isabela Merced (Anya Corazon) e Mattie Franklin (Celeste O'Connor). Elas estão sendo caçadas por Ezekiel. Por que? Bom, ele aparentemente também é capaz de ver o futuro. Então, dentro em breve, elas se tornarão heroínas e vão terminar mandando ele pro além com passagem só de ida.
Qual a solução do vilão do filme? Matar as garotas. Por que elas vão acabar com tudo o que ele construiu. Só que ninguém fica sabendo o que de fato ele é. O roteiro não explica se Ezekiel é um traficante de drogas, um contrabandista de armas, ou pior, um político...
Aliás, o vilão em 2003 - na era do Windows XP - tem um sistema de reconhecimento facial extremamente avançado. Só a capacidade de processamento e a quantidade de Internet necessária para fazer o programa funcionar é algo completamente irreal. Se ele fosse rico perderia todo o dinheiro, graças a conta do provedor no final do mês...
Enfim, daí pra frente é só ladeira abaixo. Cassandra foge com as garotas, mas é perseguida pelas autoridades. Se esconde. Resolve ir para o Peru. Deixa as garotas abandonadas. Elas saem do esconderijo e resolvem dançar em cima da mesa de um bar. Mesmo sabendo que tem um assassino atrás delas.
Enfim, Madame Web só não é um perfeito desastre, porque perfeição não existe. Cassandra apesar de ver o futuro só consegue derrotar o vilão na base do atropelamento. Aliás, se Ezekiel também é capaz de ver o futuro também não poderia aproveitar para desviar do carro? Enfim, Cassandra é uma fraude como vidente. Afinal de contas, se ela fosse mesmo capaz de ver o futuro jamais iria participar desse filme...
(Madame Web, EUA, 2024), Direção: S. J. Clarkson, Roteiro: Burk Sharples, Matt Sazama e Kerem Sanga, Elenco: Dakota Johnson, Sydney Sweeney, Celeste O'Connor, Isabela Merced, Tahar Rahim, Adam Scott, Emma Roberts, José María Yazpik, Kathy Ann Hart, Kerry Bishé, Mike Epps, Zosia Mamet, Duração: 116 minutos.