A Perda da Inocência
Esse é o que os cinéfilos chamam de filme de diretor. Pois só o próprio deve entender do que se trata. É um filme de arte, mais artístico que o ensaio da Alessandra Negrini na Playboy e tão frustrante quanto. Esse filme deveria se chamar a perda da paciência, faria muito mais sentido. Consegue ser ao mesmo tempo autobiográfico, episódico, onírico, arrastado e pedante. Resumindo trata-se de mais um OCNI(Objeto Cinematográfico Não Identificado) a pairar nos céus de sua locadora preferida.
O filme não tem uma história propriamente dita, na verdade mistura situações no presente com reminiscências da juventude e da infância do diretor(vivido por Julian Sands). A narrativa é confusa, não-linear e propositadamente lenta, entrecortada por bobagens surrealistas, como a recriação moderna do pecado original( sendo que Adão é feito por um ator negro!) que transformam o filme numa colcha de retalhos indecifrável, marcada por fadeouts intermináveis.
O que diabos leva alguém a filmar um filme desses? Suicídio comercial? Muita pretensão e poucos amigos? Drogas? Deve ser isso mesmo. Pois só alguém que não esteja de posse total de suas faculdades mentais poderia topar um projeto como esse.
Existem filmes que são considerados para estômagos fortes, A Perda da Inocência é um filme para fígados fortes... Afinal Mike Figgs parece ser um diretor com uma causa bem definida: transformar seus espectadores em alcoólatras. É só lembrar daquele convite ao alcoolismo que era "Despedida de Las Vegas" ou o porre que era "Por uma Noite Apenas". Em "A Perda da Inocência" ele pegou pesado: assista com sua geladeira cheia e com uma garrafa de uísque do lado como garantia.
(The Loss of Sexual Innocence, EUA, 1999) Direção: Mike Figgs. Elenco: Julian Sands, Saffron Burrows. 106 minutos que parecem durar uma eternidade...