O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel

É preciso que se diga: O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel é o filme mais enrustido dos últimos tempos. Nada contra o pessoal que gosta de dar ré no quibe ou "ajuntar" o sabonete no vestiário. O problema é que o trabalho dirigido por Peter Jackson é gazélico e antilopesco até quando não precisa. Parece uma história (chata, muito chata) dos escoteiros-mirins saída de um Almanaque Disney.

Para quem ainda não sabe o filme é baseado no livro de mesmo nome escrito por J.R.R. Tolkien e publicado em 1954. Desde esta época, a obra vem influenciando a tudo e todos. Por exemplo, bandas de heavy metal como Blind Guardian ou o farofa-jazz do Spyro Gira, isso sem falar da cantora Enya, seguiram os passos de Tolkien. Como se vê boa parte da porcaria do mundo é culpa do autor de O Senhor dos Anais, digo, Anéis. Ou seja, este é o tipo de coisa que as pessoas preferem tirar do currículo.

Para piorar as coisas J.R.R. Tolkien também, de certa forma, criou a maior diversão do nerd americano os insuportáveis Role Playing Games (RPGs). Seus personagens inspiraram a criação de Dungeons & Dragons, que foi levado à tela grande com resultados nada menos que desastrosos. Só isso é capaz de fazer qualquer pessoa normal iniciar um ato de contrição eterno ou morrer de vergonha...

Mesmo assim, o O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel foi extremamente elogiado pela crítica. Todos os resenhistas deram informações precisas sobre o filme. O que, é claro, só pode significar uma coisa. Este deve ser o único livro que eles leram em toda a sua existência. Quando se descobre do que se trata a história faz muito sentido que gente enrustida e sem a menor possibilidade de vida social acabe achando J.R.R. Tolkien um gênio. Para piorar, a legião de fãs do escritor não parecer ser muito compreensiva .Como a ZeroZen, a única revista que pisa nos calos dos Hobbits, não tem medo deste tipo de gente resolveu pagar para ver.

O Senhor dos Anéis conta as aventuras de Frodo Baggins um simpático hobbit (infelizmente, em uma atitude arrogante e megalomaníaca Tolkien exigiu que todos os nomes pessoais e de lugares da sua obra fossem traduzidos chegando, inclusive, a criar um guia para isso. Por este motivo o bizarro sobrenome de Bolseiro foi utilizado no Brasil) que é responsável por carregar o Um Anel. Isto não é uma tarefa fácil. O anel é um instrumento maligno criado pelo poderoso Sauron, o Senhor das Trevas. Apesar de toda esta badalação o máximo que Frodo consegue é ficar invisível com o brinquedinho. Lamentavelmente, o Um Anel corrompe o seu usuário. Quanto mais poder ele tem pior a situação.

Logo se forma uma batalha que reúne o time do bem contra o time do mal. Pelo lado da luz formam a Irmandade do Anel (que é um nome para lá de suspeito): Frodo Baggins (Elijah Wood) e seus amigos hobbits Sam (Sean Astin), Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd), o mago Gandalf (Ian McKellen) os humanos Aragorn (Viggo Mortensen) e Boromir (Sean Bean); o elfo Legolas (Orlando Bloom) e o anão Gimli (John Rhys-Davies). Todos querendo defender a posse do anel, que, aliás, só pode ser destruído no mesmo lugar onde foi criado: na Montanha da Perdição em Mordor. Então tá.

Como se trata de um filme de boludos e como este negócio de proteger o Anel estava ficando complicado de explicar, a produção resolveu convocar a Liv Tyler do papel da elfa(?) Arwen para uma participação nada especial. Além da cena de ação que a filha do vocalista do Aerosmith participar ser inacreditavelmente mal-feita, seu personagem não diz a que veio. No livro sua aparição é ínfima. Já a rainha Galadriel (Cate Blanchett) seria um exemplo espetacular de beleza, o que, honestamente não é o caso de Blanchett. Em compensação um dos melhores personagens Tom Bombadil, morador da floresta velha foi solertemente cortado pelo roteiro.

Diga-se de passagem, Peter Jackson, um ex-diretor de trash-movies (como Fome Animal), não sabe conduzir as batalhas épicas do livro, limitando-se a tremer a câmera como recurso estilístico. De qualquer maneira não deve ter sido fácil dirigir os três filmes da saga ao mesmo tempo. Ao se considerar o talento exibido no primeiro é bem possível que ele tenha conseguido errar de maneira tripla!! Não deixa de ser um fenômeno. Como O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel é apenas o começo (e dura absurdos 178 minutos) da trilogia de J.R.R. Tolkien o final pode deixar muita gente indignada. A impressão que se tem é que literalmente o pior está por vir. Porém, como diria um ceguinho esperançoso, veremos...

Em tempo, muitos dos fãs de Tolkien usam como escudo o poeta inglês W. H. Auden, homossexual assumido, que fez elogios contundentes à obra. Todavia, ardilosamente se esquecem de relatar que Edmund Wilson, um dos maiores intectuais americanos, autor de Rumo à Estação Finlândia, chamou o Senhor dos Anéis lixo infanto-juvenil. O fato de o livro ter sido eleito o melhor do Século, na verdade perdeu para a Bíblia, em uma suspeita eleição do site Amazon só prova que os fãs de Tolkien em sua imensa maioria têm acesso a Internet...

J. Tavares

(The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring, EUA, 2001), Direção: Peter Jackson, Elenco: Elijah Wood, Ian Mckellen, Liv Tyler, Viggo Mortensen, Sean Astin, Cate Blanchett, John Rhys-Davies, Billy Boyd, Dominic Monaghan, Orlando Bloom, Christopher Lee, Sean Bean, Hugo Weaving, Ian Holm, Duração: 178 min.

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