King Kong
A terceira versão de King Kong prova que uma falta total de idéias tomou conta de Hollywood. O diretor Peter Jackson carimba de vez sua fama de megalomaníaco e consegue arrastar uma história banal por três longas e excruciantes horas. O filme é uma das coisas mais chatas e pretensiosas que o cinema já viu.
Por incrível que pareça nada superou ainda o primeiro filme do gorila gigante feito em 1933. A trama tem um ritmo frenético e somente quer mostrar, com efeitos especiais sensacionais para a época, um monstro selvagem destriundo Nova Iorque, uma espécie de Godzilla norte-americano.
Peter Jackson pelo menos teve o bom senso de respeitar um pouco da essência da história original. Por exemplo, o herói do primeiro filme é um produtor de cinema. É ele quem tem a idéia de filmar o gorila. Ou seja, a trama é, em tese, sobre os riscos de fazer cinema.
Na nova versão o personagem Carl Denham (Jack Black) é demitido de uma companhia de cinema. Porém, ele tem um trunfo em sua manga. A localização de uma ilha ainda inexplorada. Com isso, pretende filmar um documentário com paisagens exclusivas, nunca antes vistas pelo mundo civilizado.
Antes de partir para a sua arriscada empreitada, ele precisa conseguir uma atriz. Ela surge na figura de Ann Darrow (Naomi Watts). Ela, apesar de estar passando fome aceita a proposta para poder trabalhar com o dramaturgo e roteirista, Jack Driscoll (Adrien Brody), por quem é apaixonada.
Para completar o elenco de Carl, ainda existe a figura do canastrão galã canastrão (Kyle Chandler). Todos embarcam em um navio rumo à ilha desconhecida. Ao chegarem no local terão várias supresas desagradáveis. Além de uma tribo de índios hostis, o lugar ainda está repleto de criaturas pré-históricas.
Pode parecer algo gratuito colocar este parque dos dinossauros na trama, mas isto já existia no filme original. Para complicar ainda mais as coisas, na ilha existe um gorila de 7 metros de altura, o último de sua raça, chamado King Kong. A mocinha Ann é capturada pelos índios e oferecida em sacrifício para o poderoso macacão.
Há uma corrida desesperada para salvar a atriz. Porém, a ilha está repleta de perigos. O filme de Jackson que parece sempre andar em marcha lenta, perde o rumo nessas seqüências. Para que se tenha uma idéia passa-se mais deuma hora antes da primeira aparição do King Kong.
O roteiro fica tempo demais explorando os infindáveis perigos da ilha. É cansativo e idiota, o que importa mesmo é a destruição de Nova Iorque e a batalha no topo do Empire State. O resto é pura enrolação cinematográfica. Depois de um conjunto monumental de cenas inúteis, King Kong é capturado.
Vale notar que o monstro sequer caberia no barco que o cineasta usou para chegar a ilha, mas isso, é claro, é um daqueles detalhes que Peter Jackson não parece muito preocupado. Finalmente então o espectador que conseguir ficar acordado vai ver algo que justifique a fama de King Kong.
O fato é que por mais que o diretor Peter Jackson goste de fazer filmes gigantescos nem mesmo nos seus sonhos mais loucos a história de King Kong tem argumento suficiente para preencher três horas de projeção. O filme original durava menos de 90 minutos tempo mais do que suficiente. Concisão é uma das palavras chaves no cinema.
Portanto, apesar de toda a propaganda King Kong não é um filme definitivo, muito menos uma obra que consagra seu diretor. É, isto sim, uma tremenda (até por durrar mais de três horas) perda de tempo.
(King Kong, EUA, 2005), Direção: Peter Jackson, Elenco: Naomi Watts, Adrien Brody, Jack Black, Jamie Bell, Kyle Chandler, Andy Serkis, Duração: 187 min.