Joker

Joker é melhor que todos os filmes já feitos até hoje sobre o Batman. O que é menos que nada e talvez uma contradição. Há um esforço enorme do roteiro para fazer as pessoas gostarem do Coringa, mas nem nos quadrinhos ou desenhos animados isso foi possível. E não vai ser nesse filme.

Convenhamos o Coringa não precisa de muita explicação. Tentar dar um lado humano a ele só piora as coisas. E esse é o principal problema de Joker. O Coringa não é racional. É simplesmente um sujeito que mata sem pensar nas consequências. Como é o filme que mostra o nascimento de um bandido, há muitos elementos roubados de Táxi Driver e O Rei da Comédia (1982). Um dos elementos, inclusive, é o Robert De Niro...

A trama acompanha o desastrado Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), que trabalha como palhaço para uma agência de talentos. Ele não tem uma vida fácil. Cuida da mãe Penny (Frances Conroy) e ainda precisa conversar uma vez por semana com uma agente social. Ele tem vários problemas, um deles é rir descontroladamente em situações de estresse. Outro seria perder tempo assistindo ao talk show de Murray Franklin (Robert De Niro).

Arthur, diga-se de passagem, é um dos sujeitos mais azarados de Gotham City. Sério. No dia em que chover sorvete, cai o carrinho na cabeça dele. Após uma apresentação matadora em um hospital ele termina por ser demitido. Vai ver o seu saldo no FGTS e começa a rir sem parar.

Como se não fosse suficiente, é atacado no metrô por três funcionários das indústrias Wayne. Revoltado por essa coincidência escrota do roteiro, atira para matar. Apesar de GTA não ter sido inventado ainda, a população fica do lado do Coringa. No meio da confusão que se segue, uma declaração equivocada Thomas Wayne (Brett Cullen) provoca uma série de protestos.

O roteiro toma algumas liberdades com a história do Batman. Por exemplo, o diretor já afirmou que o filme se passa em 1981. Bem, o Coringa tem por volta de 30 anos. Ele, inclusive, conversa com o menino Bruce Wayne. Ou seja, até ele enfrentar o Batman levaria pelo menos uns 20 anos. Resultado? Seria uma espécie de Vovôringa!

Claro que as mudanças podem irritar alguns nerds, que levam a sério esse tipo de coisa. Mas o filme realmente se mantém focado somente no Coringa e não vai muito além. Vale notar, a quase ausência de personagens femininos, o que explica muita coisa.

Uma curiosidade: Coringa alcançou a marca de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 4,2 bilhões) na bilheteria mundial. Foi o primeiro filme para "adultos" a atingir essa marca. Seria impressionante, mas atualmente Hollywood só faz filme para crianças, o que deixou a tarefa muito mais fácil.

Saulo Gomes

P.S.1: Agora se Hollywood vai continuar com a temática de vilões do Batman, melhor se apurar e fazer um sobre Pinguim. É só contratar o Russell Crowe e nem precisa de maquiagem... Ou tentar Danny DeVito de novo. Sim, milênios. Danny DeVito já fez o Pinguim, num filme sobre o Batman século passado ...

P.S.2: O fato de o Coringa querer fazer “Stand Up Comedy” explica muita coisa. Aliás, se todo comediante fracassado de "Stand Up" tem potencial para ser um assassino, o Brasil exportaria Coringas para Gotham City...

(Joker, EUA, 2019) Direção: Todd Phillips. Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz, Frances Conroy, Brett Cullen, Bill Camp, Glenn Fleshler, Brian Tyree Henry, Douglas Hodge, Dante Pereira-Olson. Duração: 122 min.

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