A Todo Volume (It Might Get Loud)
O guitarrista, em geral, não é o porta-voz de um grupo de rock. Aquele que fala ao público nos shows ou dá entrevistas. Esse trabalho cabe ao vocalista, com algumas raras exceções como, por exemplo, Pete Townshend do The Who. Por isso a premissa de “A Todo Volume” (It Might Get boring, digo Loud), dar voz a três guitarristas de estilos diferentes ‘igualmente’ bem-sucedidos fosse, em tese, interessante.
O problema é que Jack White já fala demais, The Edge não tem nada para dizer e Jimmy Page é Jimmy Page e o quanto menos você souber sobre ele melhor. Principalmente o fato de ter roubado a grande maioria dos seus riffs de guitarra de algum outro músico qualquer.
Produzido por Jimmy Page e dirigido por Davis Guggenheim, o mesmo diretor de The Inconvenient Truth, que convenhamos é, quando muito, uma apresentação em PowerPoint filmada, “It Might Get Loud” levanta o já inflado ego de Jack White, enquanto tenta com o uso de imagens de arquivo pessoal contar um pouco da história de Jimmy Page. O que é, de longe, a parte mais interessante do filme. Já The Edge passa a maior parte do tempo brincando com seus pedais de efeitos, e é basicamente isso aí.
Diga-se de passagem o quê The Edge está fazendo nesse documentário? De alguma forma ele é apresentado como representante, pasmem, do punk rock. Fala sério. Com direito a uma frase a respeito de “solos de bateria de 20 minutos”, que definitivamente não deve ter caído bem para Jimmy Page, principalmente se levarmos em conta que John Bonham chegava a fazer solos de 40 minutos!!!
A inevitável ‘jam’ final com os três guitarristas é um tanto quanto desencontrada e sem graça. O melhor momento acontece quando Jimmy Page toca o riff de “Whole Lotta Love”, que qualquer um que pegou uma guitarra já tentou repetir, aos olhares de admiração de The Edge e Jack White. Ambos com aquela cara de quem diz: Ah! é assim que se toca...
(It Might Get Loud,USA, 2008) Direção: Davis Guggenheim. Elenco: Jimmy Page, The Edge, Jack White. Duração: 98 min.
