O Homem Invisível

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A ciência, é preciso aceitar os fatos, está em plena decadência. Estamos em 2020 e não há nem sinal de carros voadores ou tênis que se amarram sozinhos. Aliás, até mesmo uma vacina para a gripe é quase um obstáculo intransponível. Porém, uma explicação plausível do real motivo de todo esse fracasso surge em O Homem Invisível, um filme que quase ninguém viu (sem trocadilho).

A trama começa quando Cecilia Kass (Elisabeth Moss) decide fugir de uma relação tóxica. Ela vive em uma turbulenta relação com um cientista brilhante, Adrian Griffin (Oliver Jackson-Cohen). Aliás, o sujeito também é muito rico, pois vive em uma casa enorme com vista para o mar. É, com certeza, um Elon Musk do novo milênio. Mas com a ajuda da sua irmã Emily (Harriet Dyer), Cecilia desaparece na calada da noite.

Então, ela decide recomeçar a vida escondida na casa do seu amigo de infância James Lanier (Aldis Hodge), que, por coincidência, é policial. Lá aproveita para conviver com a filha adolescente dele, Sidney (Storm Reid). Enquanto isso tenta superar seus traumas.

Mas a surpresa vem quando Adrian comete suicídio. Só que a notícia é ainda mais incrível, pois o cientista deixa uma generosa parte da fortuna (cerca de 5 milhões de dólares) nas mãos de Cecilia. O que ela faz? Torra tudo em viagens? Compra um carro novo? Investe em start-ups? Não. Suspeita que a morte foi forjada.

Por que tanta amargura? Bem, Cecilia sabia que Griffin tinha se dedicado à pesquisa em sistemas óticos e estava testando uma maneira de mudar o índice de refração de um corpo para que ele não absorva nem reflita a luz e, assim, tornar-se invisível. A partir daí, coincidências estranhas acontecem e tudo mundo, é claro, passa a duvidar da sanidade mental da heroína.

O Homem Invisível investe em sustos fáceis e tenta criar um terror mais psicológico. Principalmente no primeiro terço do filme. Depois, o roteiro vai ficando cada vez mais ruminante. Ou seja, a gente mastiga, mastiga, mas não consegue engolir. Principalmente, pela decisão equivocada de não mostrar como era relacionamento de Cecilia e Adrian. Fica difícil justificar a resolução da trama. Parece coisa de um episódio ruim de Lei e Ordem: SVU.

Agora, fica claro em O Homem Invisível por que a ciência não vai pra frente. Pô! O sujeito descobre como ficar invisível e usa todo esse poder para atormentar sua ex-namorada? Ele pode vender o traje para o exército, por exemplo. Mas não. Ele pode, por objetivos puramente científicos, observar qualquer mulher do Planeta. Porém, fica obcecado em dar sustos em Cecila. É muita falta de visão (sem trocadilho). Assim, vai ser complicado criar carros voadores ou tênis que se amarram sozinhos.

J. Tavares

Em tempo: Elisabeth Moss é uma daquelas atrizes que sabem fazer personagens atormentados. É como se fosse a Renata Sorrah de Hollywood...

(The Invisible Man, EUA, 2020) Direção e Roteiro: Leigh Whannell, Elenco: Elisabeth Moss, Oliver Jackson-Cohen, Storm Reid, Aldis Hodge, Harriet Dyer, Zara Michales, Michael Dorman. Duração: 124 min.

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