Desconstruindo Harry
Já faz algum tempo que Woody Allen, aparentemente, desistiu de imitar Ingmar Bergman. Apesar de ser uma atitude louvável e merecedora de todo apoio possível, isso evidentemente não é o suficiente para reabilitá-lo como diretor. Allen precisa agora dar o passo seguinte: desistir de emular Fellini 8 ½. Lançado originalmente em 97 e só agora selado em vídeo por aqui, Desconstruindo Harry é um exercício de megalomania enfadonho e típico do diretor. Nada muda no mundinho alienado de Allen. É a mesma história de sempre: Allen é Harry Block um escritor de meia idade neurótico, obviamente, em crise envolvido num turbilhão de ex-esposas, namoradas mais jovens e é claro prostitutas. Tudo isso já foi visto e revisto em praticamente todos filmes recentes do diretor. Só que aqui Allen carrega um pouco nas cores, resultando num dos seus trabalhos mais pedantes dos últimos tempos.
Para dar algum interesse a história, Allen intercala a narrativa com pequenos contos e histórias paralelas saídas da imaginação de Harry Block, que servem de contraponto para o clima indigesto do filme. Mas no geral Allen desperdiça o elenco de luminares para ficar olhando apenas para o seu próprio umbigo.
O filme é indicado, unicamente, para aqueles cinéfilos que ficam excitados ouvindo Woody falar fuck.
(Deconstructing Harry, Eua, 1997) Direção Woody Allen. Elenco: Woody Allen, Bob Balaban, Billy Crystal , Elisabeth Shue, Kirstie Alley, Judy Davis, Hazelle Goodman, Robin Willians, Demmi Moore, Julia Louis-Dreyfus, Eric Bogosian, Amy Irving, Richard Benjamin, Mariel Hemingway. 96 min..