À Espera de um Milagre
O quão baixo pode chegar um ator? Será que existe um limite da humilhação? Os exemplos que surgem de Hollywood mostram que a incrível capacidade de se superar é impressionante. Imagine Tom Hanks vencedor de dois Oscar servindo de coadjuvante para um ratinho. Parece impossível? Pois é o que acontece em À Espera de um Milagre.
Na trama Hanks faz o papel de Paul Edgecomb, guarda responsável pelo corredor da morte (a green mile do título original) da penitenciária Cold Mountain. Ele relata a estranha história de um prisioneiro que mudou a vida de todos na cadeia. O gigante de bom coração John Coffey, um negro que foi injustamente acusado de cometer um crime.
Só que Coffey (interpretado corretamente por Michael Clark Duncan) é capaz de realizar milagres, de curar doenças e ressuscitar vidas! E isso que ele nem era um desses pastores evangélicos de rodoviária. O destaque do filme fica para um ratinho de estimação de Coffey que rouba o filme e faz Tom Hanks pagar um mico total.
O diretor Frank Darabont fez um filme de boludos. Praticamente não há personagens femininas. Na verdade, Darabont fez uma espécie de refilmagem de Um Sonho de Liberdade, que também era baseado em uma obra do mestre do terror Stephen King, com um resultado nitidamente inferior. É óbvio que em certo momento o mocinho vai relutar em soltar o prisioneiro milagroso e inocente ou cumprir a lei.
No fim das contas, o que Darabont faz é contar a história de Jesus Cristo, disfarçando a pílula com boas doses de misticismo e sentimentalismo. Nesses casos, como se sabe, pelo sim pelo não, é melhor ficar com o original.
(The Green Mile, EUA, 99) Direção de Frank Darabont, Elenco: Tom Hanks, David Morse e Michael Clark Duncan, Duração: 188min.