Frost/Nixon

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A falta de assunto em Hollywood é realmente algo assustador. A crise é tanta que fizeram um filme sobre uma entrevista. Sim, isso mesmo! Mais de duas sobre um único assunto: o colóquio que David Frost (Michael Sheen) teve com Richard Nixon (Frank Langella) em 1977.

Por que esse fato é - supostamente - tão importante? Bem, em 9 de agosto de 1974, Nixon deixou a Casa Branca. Durante três anos, guardou absoluto silêncio, apesar das inúmeras propostas que recebia para se pronunciar sobre o rumoroso caso Watergate, que provocou sua renúncia.

O ex-presidente norte-americano surpreendeu o mundo ao aceitar uma proposta de entrevista feita por um apresentador de programas de entretenimento, David Frost. Para conseguir esse feito, Frost pagou do seu bolso um cachê de meio milhão de dólares. Ao que parece, Nixon escolheu um sujeito inexperiente para catapultar um possível retorno à política.

A entrevista durou quatro dias e foi assistida por 45 milhões de pessoas. Nixon, no começo, mostra estar bem-preparado. Consegue fazer a defesa do seu governo, tanto no plano interno como no externo, e evitar um destaque maior ao famigerado caso Watergate.

Para Frost, uma espécie de Amaury Jr. da época, a entrevista com Nixon seria a oportunidade de ele dar uma guinada em sua carreira. Para não passar vexame, afinal de contas não era um especialista em política, contrata uma equipe de profissionais para auxiliá-lo, integrada pelo produtor John Birt (Matthew Macfadyen) e por dois jornalistas que se diziam conhecidos de Nixon, como James Reston Jr. (Sam Rockwell) e Bob Zelnick (Olivier Platt).

Nem é preciso dizer que quanto mais a hora da entrevista se aproxima, menos confiança a equipe demonstra nas habilidades de Frost. Do lado outro, o assessor de Nixon o general Jack Brennan (Kevin Bacon) consegue que a questão Watergate somente seja abordada no final do programa. Mesmo assim, Nixon é questionado no começo por Frost, mas esclarecesatisfatoriamente a questão e vai adiante. A tentativa de desestabilizar o ex-presidente fracassa rotundamente.

Frost parece perdido diante da esperteza de seu entrevistado. Durante três dias, Nixon dá uma aula de política no aparvalhado entrevistador. Até que Frost decide fazer a lição de casa e estudar seu adversário. E parte para o embate final na base da raça e superação.

Frost/Nixon tem vários defeitos, mas o principal deles é que Frank Langella não é Nixon. Aliás, sequer se parece com Nixon. De fato, nem com toda boa vontade do mundo é possível acreditar que Richard Nixon está sendo entrevistado.

Curiosamente, o filme foi indicado a cinco Oscar (filme, diretor, ator, roteiro adaptado e montagem), mas não ganhou nenhum. Vale notar que Frost/Nixon foi baseado na peça teatral homônima de Peter Morgan, responsável também pela elaboração do roteiro.

No fim das contas, Frost/Nixon é indicado para os fãs de política, de Richard Nixon ou de David Frost. Quer dizer, dá para lotar uma Kombi com tanta gente...

Jota Tavares

(Frost/Nixon, EUA, 2008), Direção: Ron Howard, Elenco: Frank Langella, Michael Sheen, Sam Rockwell, Kevin Bacon, Matthew Macfadyen, Oliver Platt, Rebecca Hall, Toby Jones, Andy Milder, Kate Jennings Grant, Gabriel Jarret, Jim Meskimen, Patty McCormack, Clint Howard, Rance Howard, Eloy Casados, Jay White, Wil Albert, Keith MacKechnie, Jenn Gotzon, Mark Simich, Duração: 122 min.

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