Eu Sou A Lenda

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Ao final de Eu Sou A Lenda somente uma conclusão é possível: se Will Smith fosse mesmo o último homem na face da terra o fim do mundo seria mesmo o fim. Quer dizer se a humanidade dependesse de um sujeito que conversa com manequins, escuta Bob Marley e só se alimenta de comida enlatada... bem, então é melhor fechar a conta e partir para outra. Melhor sorte da próxima vez.

A trama começa em 2012 quando um vírus, criado pelo homem para curar o câncer, começa a apresentar problemas. Ou melhor, mostra ter apenas um único defeito: mata seres humanos. Para piorar, ele é transmitido pelo ar. Em pouco tempo a população de Nova York é completamente dizimada.

Em uma medida desesperada, o governo norte-americano manda sitiar a cidade, para tentar evitar a contaminação. Justamente, nesta hora médico virologista Robert Neville (Will Smith) decide abandonar sua família e ficar no local para tentar encontrar uma cura. Certo. Isto não parece muito inteligente, mas vale ressaltar Neville pertence ao Exército e, como se sabe, inteligência militar é uma contradição em termos.

A sua única companhia em seu exílio voluntário é uma cadela, a pastora alemã Sam. Em pouco tempo, ele descobre que o vírus é mais resistente e poderoso do que se imaginava. A humanidade vai sendo eliminada de forma brutal. Porém, Neville descobre ser imune. Então em um Nova York cidade deserta, ele procurar uma cura.

Não parece muito emocionante, certo? Pois é exatamente neste ponto em que a quantidade de insultos à inteligência do espectador cresce vetiginosamente. O fato é que o o vírus provocou uma mutação em determinada parcela da humanidade. Ao invés de morrerem eles se transformaram em "caçadores da noite" um ridículo eufemismo para vampiros metidos à besta.

Assim como o Conde Drácula eles saem em busca de comida na madrugada e não são resistentes a luz solar. Então, a diversão de Neville é caçar algumas destas criaturas e realizar testes em seu laboratório. Usa seu próprio sangue nos vampiros na tentativa de reverter os efeitos do vírus. Realmente, se a humanidade dependesse de Will Smith era melhor pendurar as chuteiras...

Diga-se de passagem, os caçadores da noite são um dos grandes problemas do filme. São limpos demais para criaturas canibais. Parecem saídos de um videogame. Ou seja, não são capazes de assustar nem mesmo o seu irmão menor.

Todo dia, a tarefa é obrigatória, Neville transmite uma mensagem em busca de outros sobreviventes. Mas não há resposta. Como se percebe, o filme caminha para um final apocalíptico e sem esperanças. Até que entra em cena a atriz brasileira Alice Braga. Sim, até no fim do mundo tem brasileiro!! A partir daí, em uma sucessão de cenas inacreditáveis que desafiam a lógica e o bom senso, Eu Sou A Lenda desanda de forma inacreditável e bizarra.

Tudo acontece rapidamente. O herói enche o saco de fazer tudo sozinho e decide partir para cima dos zumbis-vampiros-canibais na base da porrada. Vira uma espécie de Capitão Nascimento do apocalipse. Infelizmente, as coisas não funcionam direito e ele é salvo por uma misteriosa mulher, Anna (Alice Braga). Acredite quem quiser, ela veio de Maryland, trazendo a tiracolo um menino (Charlie Tahan)!!

Pô! Neville mal dá conta de meia dúzia de vampiros e a mulher atravessa o país cuidando de uma criança sem um mísero arranhão!! E tem mais. Mesmo sem nenhum Google para confirmar o fato, ela garante que existem outros sobreviventes em Vermont!

Enquanto o médico insiste em não admitir que perdeu a exclusividade, descobre - meio sem querer - a chave para deter o vírus. O frio. Sim, é isso mesmo. Mas não faz inverno em Nova Iorque? Como é que ele não descobriu antes? Enfim, com raiva depois de ter descoberto que não passa de uma anta, Will Smith decide mandar tudo e todos para o inferno...

Eu Sou A Lenda baseia-se no livro homônimo de 1954 de Richard Matheson, que teve duas anteriores versões cinematográficas, em 1964 e 1971, ambas melhores do que a protagonizada por Will Smith. Aliás, se a idéia era fazer um filme de terror, por que não chamaram o Jim Carrey? Já imaginaram o ator americano como o último sobrevivente da humanidade? Isso sim dá medo.

J. Tavares

(I Am Legend, EUA, 2007), Direção: Francis Lawrence, Elenco: Will Smith, Alice Braga, Salli Richardson, Paradox Pollack, Charlie Tahan, Michael Ciesla, Thomas J. Pilutik, Duração: 101 min.