Entre Quatro Paredes

Entre Quatro Paredes é um dos filmes mais conservadores dos últimos tempos. Provavelmente deve ser o preferido da Ku Klux Kan. A pílula é dourada com interpretações acima da média e um estilo seco de filmar. Porém, por baixo de tudo ainda reside a nefasta tese da legítima defesa da honra. Aquela regra tão utilizada pelos americanos de atirar primeiro e perguntar depois.

A trama de Entre Quatro Paredes se passa no progressista estado do Maine onde vive o médico Matt Fowler (Tom Wilkinson). Ele é casado com Ruth Fowler (Sissy Spacek), professora de música do coral da escola. Difícil imaginar vida mais medíocre. O casal possui um único filho Frank (Nick Stahl). Só que ele está tendo um caso com uma mulher mais velha, Natalie (Marisa Tomei, em grande forma). Porém o ex-marido de Natalie não está aceitando muito bem o fato.

Entre um diálogo banal e outra fica claro que uma tragédia está para acontecer. E Frank acaba sendo morto pelo ex-companheiro de Natalie. Ruth e Matt tem sua virada de cabeça para baixo. O seu casamento tão sólido entra em crise. Para piorar as coisas, o assassino sai da cadeia. Apesar de Sissy Spacek Ter sido indicada ao oscar de melhor atriz a melhor interpretação fica por conta do amargurado pai vivido por Tom Wilkinson.

A partir deste ponto, Entre Quatro Paredes começa a caminhar de maneira covarde e irresponsável para uma história de justiça pelas próprias mãos. O diretor não poupa esforços para provar a tese de que se a justiça não fez, então faça você mesmo. O final é constrangedor. Típico de quem acredita que a violência é a solução para a violência. Muito possivelmente George W. Bush deve ter uma cópia do filme na sua cabeceira...

J. Tavares

(In The Bedroom, EUA, 2001), Direção: Todd Field, Elenco: Tom Wilkinson, Sissy Spacek, Nick Stahl, Marisa Tomei, William Mapother, William Wise, Celia Weston, Duração: 123 min.

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