De caso com o Acaso

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Quando se pensava que Gwyneth Paltrow fosse totalmente incapaz de participar de um filme pelo menos razoável, surge De caso com Acaso. É a velha história da exceção que confirma a regra. Até por que pela lei das probabilidades ninguém pode errar tanto.

De caso com acaso é um comédia romântica bem acima da média. Um dia, a meiga e doce Helen (interpretada com um espantoso e correto sotaquês inglês por Gwyneth), que trabalha como relações públicas em uma firma é demitida. Quer dizer, como o cafezinho deve ter sido cortado, ela não tinha mais nada a fazer na empresa... Então ela corre para o metrô para chegar mais cedo em casa e rever seu namorado, que está aproveitando o tempo livre para trair Helen com a ex-namorada.

Neste ponto, o filme começa a ficar realmente interessante. O título Sliding Doors faz referência as portas do metrô de Londres. Subitamente então, De Caso com o Acaso começa a contar duas narrativas paralelas. Uma se Helen tivesse pego o metrô, e outra se ela perdesse o trem.

O diretor Peter Howitt leva um roteiro afinado até o fim com graça e leveza, além de arrancar bons desempenhos do elenco em geral. Na verdade, é fácil perceber que um truque semelhante foi utilizado pelo superestimado diretor polonês Kieslowski em A Dupla Vida de Véronique. Só que depois de 30 minutos a história de Kieslowski perde completamente o interesse se tornando um exercício de pretensão e egolatria. Enquanto isso, De Caso com o Acaso mantém o pique e tem um resultado final infinitamente mais satisfatório do que o diretor polonês.

Infelizmente, como nem tudo é perfeito, De Caso com o Acaso sofre de um problema sério e perturbador. É inteligente demais. Muito provavelmente sua namorada não vai entender nada do filme e ainda vai reclamar durante horas seguidas por que você não tirou o último filme do Kevin Costner. Fazer o quê? Ou você troca de namorada ou então é melhor escolher outro filme...

J. Tavares

(Sliding Doors, EUA/ING, 1998), Direção de Peter Howitt, Elenco: Gwyneth Paltrow, John Hannah e Jeanne Tripplehorn, Duração: 99 min.

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