Deadpool e Wolverine

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Deadpool e Wolverine é um filme que aposta na nostalgia. Até aí, tudo bem. Só que aborda um tipo diferente - e bem específico - de saudade. Ele elogia, defende, glorifica a nostalgia de filmes ruins de super-heróis. Saudade da incompetência e da burrice? Ou o pessoal tem a memória mais curta do que coice de porco?

São mais de duas horas de uma espécie de busca de redenção para os desastres cinematográficos cometidos pela Fox. É a famosa ideia ruminante, a gente mastiga, mastiga, mas não consegue engolir. Não há como negar, foram anos de calamidade e incompetência. Tipo: o pessoal realmente sentiu falta da Elektra da Jennifer Garner?

A trama faz um esforço enorme para juntar um monte de pontas soltas que levam a lugar nenhum. Aliás, isso resume bem o atual estado do Universo Cinematográfico da Marvel. Enfim, Wade Wilson (Ryan Reynolds) usou o dispositivo de viagem no tempo de Cable para sair da sua linha do tempo. Isso aconteceu em Deadpool 2.

O mercenário tagarela saiu da Terra-10005 para a Terra-616 (conhecida como a “Linha do Tempo Sagrada”). O motivo? Falar com Happy Hogan (Jon Favreau) para conseguir uma vaga nos Vingadores. É claro que ele acaba rejeitado. Triste, cabisbaixo e cogitabundo, Wade vira um vendedor de carros ao lado de seu amigo Pete (Rob Delaney). Para piorar a situação, acaba se separando de sua namorada Vanessa (Morena Baccarin).

Porém, o personagem ganha uma chance de voltar à ativa depois de ser recrutado pelo Sr. Paradox (Matthew MacFayden), um agente da Autoridade de Variância Temporal (AVT). Sem entrar em muitos detalhes, Deadpool precisa encontrar um Wolverine ou sua linha do tempo será destruída. O problema é que depois de muito esforço ele só é capaz de encontrar a pior variante do Wolverine (Hugh Jackman).

A partir daí, o filme vai apostar todas as fichas em uma nostalgia sem sentido. A dinâmica entre Ryan Reynolds e Hugh Jackman funciona, mas é pouco para segurar as duas horas de duração. A vilã Cassandra Nova (Emma Corrin) começa bem, mas termina da forma mais genérica possível.

Aliás, a parte final de Deadpool & Wolverine é absurdamente equivocada. Durante a trama há um respeito exagerado a personagens ridículos. Mas simplesmente ignoram uma característica essencial do Wolverine. Sem revelar muito, é possível dizer que existe uma ameaça gigantesca.

Porém, para acabar com esse problema é preciso haver o sacrifício de um dos heróis. Então, em um momento heroico e de redenção, Wolverine se oferece. Faz todo sentido. Contudo, Deadpool trapaceia, engana o carcaju e se tranca atrás de uma porta de aço maciço.

A tensão dramática cresce enquanto Deadpool começa a ser volatilizado e Wolverine esmurra a porta com toda a força. Parece incrível, não é? Mas o Wolverine tem garras de adamantium, porra! Ele simplesmente cortaria a porta como se fosse manteiga. Não faz o menor sentido!

No final das contas, Deadpool & Wolverine é uma diversão rasteira e superficial. Mas como a Marvel não consegue acertar nada depois de Vingadores Ultimato parece que se trata de um milagre. Nem tanto. O Jesus da Marvel ainda tem muito trabalho pela frente, mas é melhor parar com a nostalgia e começar a olhar para frente.

J. Tavares

(Deadpool & Wolverine, EUA, 2024) Direção: Shawn Levy, Elenco: Ryan Reynolds, Hugh Jackman, Emma Corrin, Morena Baccarin, Leslie Uggams, Blake Lively, Dafne Keen, Jennifer Garner, Matthew MacFayden, Wunmi Mosaku, Tyler Mane, Karan Soni, Wesley Snipes, Channing Tatum, Chris Evans, Jon Favreau, Duração: 127 min.