Cidade das Sombras
Não se fazem mais filmes de ficção científica como antigamente, isso é um fato. A razão desse fenômeno pode ser simplesmente explicada da seguinte forma: ninguém mais lê ou escreve ficção científica que preste. Logo é humanamente impossível que alguém produza um bom filme de ficção se não existe de onde tirar material original para isso. Vejam, por exemplo, o caso de Cidade das Sombras. O egípcio Alex Proyas escreveu o roteiro, baseado numa estória de sua autoria, dirigiu e co-produziu o filme. O que, cá entre nós, nos poupa um certo trabalho se quiséssemos apontar os culpados por tamanha estultice.
Cidade das Sombras tem um dos roteiros mais esdrúxulos e bizarros que se tem notícia. O que não deixa de ser impressionante. Para tentar explicar as coisas em poucas palavras, o filme pode ser resumido da seguinte maneira: raça alienígena em extinção brinca de casinha com uma cidade habitada por seres abduzidos.
Mas para resumi-lo de uma forma mais inexorável. É preciso que se diga, somente, que Willian Hurt participa do elenco. Não é preciso mais nada. No atual estágio de decadência que se encontra a carreira de Hurt, qualquer filme que tenha sua presença é indicação, quase, certa de uma nova bomba.
O visual de Cidade das Sombras mistura um pouco de expressionismo alemão com filmes noir da década de 40. O que não faz muito sentido, uma vez que a cidade foi construída a partir das memórias dos habitantes. O que indicaria que todas aquelas pessoas foram abduzidas nos anos 40. Mas, sinceramente, nada faz muito sentido nessa história. A resolução final é canhestra e insatisfatória, como todo o filme, diga-se de passagem.
(Dark City, EUA, 1998) Direção: Alex Proyas. Elenco: Rufus Sewell, Willian Hurt, Kiefer Sutherland, Jennifer Connelly, Richard OBrien, Ian Richardson. 101 min.