Coringa: Delírio a Dois

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Coringa: Delírio a Dois é um filme que ninguém pediu, feito no formato que ninguém queria, dirigido da forma mais equivocada possível. É um daqueles casos onde o público se pergunta se o objetivo final da obra era quebrar algum recorde de incompetência cinematográfica...

Outro problema é o título do filme: Delírio a Dois? Por favor, só Joaquin Phoenix e Lady Gaga estavam fora de si? Mas e o diretor e o roteirista? Tem muito mais gente maluca. Afinal de contas, quem achou que fazer um musical seria uma boa ideia?

Em Coringa: Delírio a Dois a trama segue acompanhando Arthur Fleck (Joaquin Phoenix). No primeiro filme ele trabalhava como palhaço para uma agência de talentos. Só tinha um problema. Ele não tinha graça nenhuma.

Para piorar, tinha uma série de transtornos mentais. Depois de ser demitido do emprego e entrar em uma maré de azar absurda, ele se revolta. Se transforma no Coringa e acaba matando cinco pessoas. Agora, Fleck está preso no hospital psiquiátrico de Arkham aguardando julgamento.

A rotina do prisioneiro é um tédio. Nada acontece. Fleck ganha uns cigarros dos guardas e parece alheio a tudo. Inclusive às bizarras pretensões de cantoria do guarda Jackie Sullivan (Brendan Gleeson). Porém, do lado de fora, o Coringa se tornou uma espécie de ídolo da juventude. Ele é como se fosse o líder do movimento popular contra a elite da cidade.

Só que tudo muda quando Fleck se depara com Harleen "Lee" Quinzel (Lady Gaga). Ele se apaixona e entra em uma relação tóxica. Em tempo, Harleen deve ser a filha do prefeito da cidade. Entra em todos os lugares, desafia constatemente a polícia, ignora ordens judiciais, tenta promover um golpe de Estado. Enfim, poderia fazer parte de qualquer governo de Donald Trump...  

Qual a forma escolhida para contar esse relacionamento romântico e doentio? Um musical. Sim, Coringa: Delírio a Dois tem inacreditáveis 15 números musicais. Nenhum deles é memorável. Nenhum deles ajuda a história a avançar.

Quando o tédio total toma conta da trama, o roteiro se lembra que há um julgamento a ser feito. Bem, Coringa: Delírio a Dois poderia se transformar em um interessante filme de tribunal. Um confronto entre a advogada de defesa Maryanne Stewart (Catherine Keener) e o promotor Harvey Dent (Harry Lawtey) tinha tudo para ser épico.

Só que Harleen faz um discurso para o seu namorado beirando o ridículo, mas mesmo assim Fleck rapidamente resolve demitir a sua advogada e participar do julgamento como Coringa. Aparentemente, tem muita gente maluca na cidade, pois o juiz do caso Herman Rothwax (Bill Smitrovich) concorda com essa insanidade.

Por incrível que possa parecer, a parte do Coringa no tribunal desperdiça todas as oportunidades de abraçar a loucura. Não é irreverente, engraçada, maluca, nada disso. É só uma gigantesca perda de tempo.

O filme ainda tenta criar um começo diferente para o Duas Caras e supostamente fazer com que tudo o que foi visto se encaixe no universo da DC nos cinemas. Mas o primeiro Coringa era mais do que suficiente para encerrar a saga de Arthur Fleck. O fracasso de bilheteria transformou Coringa: Delírio a Dois em um piada, que, igual ao personagem principal, não tem a menor graça.

J. Tavares

(Joker: Folie à Deux, EUA, 2024), Direção: Todd Phillips, Elenco: Joaquin Phoenix, Lady Gaga, Catherine Keener, Brendan Gleeson, Bill Smitrovich, Harry Lawtey, Zazie Beetz, Leigh Gill, Duração: 138 min.