A Fortuna de Cookie
O sotaque caipira sulista está para o cinema americano assim como o sotaque nordestino para as novelas da Globo. Por mais filmes que se façam passados no Sul dos Estados Unidos, ou novelas no nordeste, sempre tem-se a impressão de que não passam de uma caricatura barata e desrespeitosa dos nativos dessas regiões. Para terem uma idéia A Fortuna de Cookie é desses filmes que dá vontade de tirar o som da televisão e apenas acompanhar as legendas, para não ter que ouvir a irritante pronúncia caricata do elenco.
Dirigido pelo sempre irregular Robert Altman. O filme conta a história de Jewel Mae Cookie, uma anciã que um belo dia resolve se suicidar. Sua filha Camille, interpretada por Glenn Close, encontra o corpo e resolve forjar um assassinato. Pois ela acredita que apenas malucos se suicidam, e na família dela não pode haver esse tipo de gente. Claro que o espectador vai perceber durante o filme que ela própria tem alguns macaquinhos soltos no sótão.
A sempre incompetente polícia americana vai prender, justamente, um negro como suspeito. No fim tudo se resolve da pior maneira, reservando inclusive algumas surpresas dignas de novela mexicana sobre a paternidade de alguns personagens. Mas nada disso garante que o interesse no filme não se dissipe tão logo termine os créditos de abertura.
Glenn Close andou vendo A Street Car Name Desire(Uma Rua Chamada Pecado) demais para se preparar para o seu papel. Sua Camille Cookie é uma xerox da Blanche DuBois, feita por Vivien Leigh. Liv Tyler faz figuração e o resto do elenco, com raras exceções, não diz a que veio.
(Cookies Fortune, EUA, 1999) Direção: Robert Altman. Elenco: Glenn Close, Julianne Moore, Liv Tyler, Chris ODonnel, Charles Dutton, Patricia Neal, Ned Beatty, Lyle Lovett. 117 min.