Casseta & Planeta – A Taça do Mundo é Nossa!

Verdade seja dita: ao invés de repetir as piadas sem graça de seu programa semanal a turma do Casseta & Planeta teve a coragem de, em seu primeiro filme, copiar as piadas sem graça do grupo inglês Monty Python. O resultado foi a bilheteria mais fraca conseguida pela Globo Filmes.

A trama começa no dia da final da Copa do Mundo de 1970. Três pessoas com sérios problemas mentais decidem enfrentar a ditadura roubando a a taça Jules Rimet. O estudante Frederico Eugênio (Bussunda), também conhecido como Wladimir Illitch Stalin Tse Tung Guevara, o vegetariano Denilson (Helio de La Peña) que fuma tudo o que vê pela frente e o cantor jovem guarda, nascido em Cachoeiro do Itapemirim, Peixoto Carlos (Hubert).

Por se envolverem em uma confusão em uma churrascaria, eles acabam sendo acusados de terrorismo. Perseguidos, eles fundam o temido e obscuro Partido Anarco Nacionalista Anti-carnívoro Carlos, o PANAC. A idéia é roubar a taça do tricampeonato, recém-conquistada no México pela seleção canarinho.

Aliás, falando em roubo, o pessoal do Casseta meteu a mão nos esquetes do grupo inglês Monty Python. A cena em que os 'revolucionários' estão discutindo o nome do partido existe tal e qual em “A Vida de Brian". A seqüência em que eles explodem vacas e críticos de cinema foi tirada do Monty Python's Flying Circus, programa de TV do grupo que era exibido pela BBC de Londres.

O roteiro aproveita para encaixar o restante do grupo em situações constrangedoras. Para impedir que o plano dos terroristas dê certo, é destacado o sonso General Mirandinha (Cláudio Manoel) que é literalmente comandado por sua mulher Dolores (Marcelo Madureira). No comando do Exército está um ambicioso general linha-dura (Beto Silva). No meio de tudo isso, a filha safada do General Mirandinha, Lucy Ellen (Maria Paula), que se apaixona por Frederico/Wladimir.

Contudo, o único Casseta que realmente sabe interpretar alguma coisa, o Reinaldo, é jogado para escanteio. De rewlevante, ele faz apenas o papel da mãe de Frederico. É um desperdício. Até por que os demais cassetas não têm o que se chama de "tempo da piada". Eles simplesmente lêem o texto sem dar nenhuma ênfase.

Além disso, como o filme se passa na década de 1970 ninguém com menos de 30 anos vai conseguir entender a maioria das piadas do filme. Diga-se de passagem que a maioria dos atuais fãs do Casseta sequer deve ter nascido nessa época. De qualquer maneira, fica registrada uma sugestão para o novo filme do grupo. Eles podem contar a história de Padre Cícero com um enfoque mais irônico. Pode até se chamar "A Vida de Ciço". O único problema é que parece que o Monty Python já pensou nisso antes...

J. Tavares

(Casseta e Planeta - A Taça do Mundo É Nossa, BRA, 2003), Direção: Lula Buarque de Hollanda, Elenco: Bussunda, Hélio de la Peña, Marcelo Madureira, Cláudio Manoel, Beto Silva, Hubert, Reinaldo, Maria Paula, Duração: 90 min

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