Casamento Grego
Casamento Grego foi um tremendo sucesso nos Estados Unidos. Aliás, um sucesso retumbante. Custou uma ninharia para os padrões de Hollywood e arrecadou US$ 185 milhões entre abril e começo de novembro de 2002. Bilheteria de gente grande. Certamente ajudou Tom Hanks e sua mulher, Rita Wilson, produtores do filme a garantirem o whisky das crianças por um bom tempo. O fato é que os críticos afirmaram que o impressionante desempenho de Casamento Grego deve como causa principal o 11 de setembro.
Com o atentado ao World Trade Center os americanos queriam assistir a algo mais leve. Nada de filmes violentos ou agressivos. Os Estados Unidos precisavam de uma comédia boba para levantar a moral. Exatamente nesta brecha Casamento Grego teria entrado e, graças a um poderoso boca-a-boca, se tornado a maior surpresa da temporada. Nada feito. A ZeroZen, a única revista que casamento é uma espécie de solidão a dois, tem certeza que mais uma vez todos os críticos cinematográficos estão completamente errados.
Na verdade, a chave do sucesso do filme reside em uma única palavra: casamento. Como se sabe as mulheres mandam na hora de ir ao cinema. Elas escolhem o filme. O pobre homem paga a entrada e ainda tem de assistir o que a sua patroa desejar. Claro que no desepero ele sugere algo como "Garotas de Biquíni Atiram Para Todos os Lados". Para seu azar existe algo passando nos cinema com casamento no titulo. Pode apostar este vai ser o que ela vai querer assistir. Mesmo que ele seja ruim, você já captou a mensagem nada sutil...
Casamento Grego é baseado em monólogo teatral de sucesso em Chicago, de autoria de Nia Vardalos, que ardilosamente se escalou para fazer a protagonista no cinema. Toula (Nia Vardalos) é uma solteirona (gorda, feia e sem graça) prestes a completar 30 anos. A natureza já começa a enviar os primeiros sinais de desespero. A pressão de seus pais Gus (Michael Constantine) e Maria Portokalos (Lainie Kazan) aumenta. Gregos até o último fio de cabelo querem logo tirar sua filha do atraso.
O pior de tudo é que Toula tem de casar com um grego, ter um monte de filhos gregos, comer uma tonelada de alimento a cada almoço de família. Nada muito instigante. Pr isso que Toula resolve dar um jeito na situação e voltar a estudar. E como Deus ajuda a quem não sabe, ela acaba encontrando a sua metade da laranja. Só que o escolhido não poderia ser menos grego. É um americano, Ian Miller (John Corbett).
A família de Miller, obviamente, é comportada, chiques e discreta. Os pais de Ian (Fiona Reid e Bruce Gray) parecem ser as únicas pessoas racionais do filme. Eles logo percebem que o melhor a fazer é tentar manter a distância dos futuros parentes. Casamento Grego é comovedoramente ruim em sua avalanche de clichês. Os gregos alegres e de bem com a vida. Os americanos sérios, sisudos e conservadores.
De certa forma, o filme lembra muito Casamento à Indiana (Monsoon Wedding), de Mira Nair. Talvez os gregos sejam mais simpáticos que os indianos. Mas o fato é que Hollywood pode ter descoberto um novo filão para ganhar dinheiro. Basta pegar uma etnia exótica qualquer e contar uma história de dois jovens subindo ao altar. Pode ser Casamento à Libanesa, à Egípcia, à Marroquina, à Milanesa, à Bolonhesa, etc, etc..
(My Big Fat Greek Wedding, EUA, 2002), Direção: Joel Zwick, Elenco: Nia Vardalos, John Corbett, Michael Constantine, Lainie Kazan, Andrea Martin, Joey Fatone, Gia Carides, Louis Mandylor, Ian Gomez, Duração: 96 min