Bufo & Spallanzani
Bufo & Spallanzani o filme é muito melhor que Bufo & Spallanzani o livro. Mas isto, honestamente, não quer dizer muita coisa. A obra é baseada em um dos piores momentos de Rubem Fonseca como escritor. Mesmo com todo esforço da produção (a fita custou R$ 3,2 milhões, um absurdo para os padrões nacionais, e foi finalizada nos Estados Unidos) o resultado é apenas um policial medíocre e previsível.
O principal problema é que o herói do filme é um escritor Gustavo Flávio (José Mayer). Fala sério. Dá para acreditar, por exemplo, em um Machado de Assis salvando o mundo da destruição? Gustavo antes atendia pelo nome de Ivan Canabrava e trabalhava como detetive da Companhia Panamericana de Seguros. Estava participando de uma investigação de um fazendeiro, que morreu pouco após fazer um seguro de um milhão de dólares.
Em um daqueles absurdos capazes de constranger qualquer pessoa com formação cromossomial específica, Ivan encontra no apartamento da vítima um sapo e uma planta exótica. Com a inestimável ajuda da jovem Minolta (Isabel Guerón) e do cientista Ceresso (Juca de Oliveira) ele desvenda uma trama inacreditável, inconcebível e pouco provável. Afinal, se alguém no Brasil quer fazer uma fraude não precisa de tanta preparação assim. Temos uma vasta experiência em corrupção. Basta ver o Congresso Nacional.
Claro que o seu chefe Dr. Eugênio Delamare (Gracindo Junior) fica indignado com a eficiência de seu contratado e o põe no olho da rua. Enquanto isso Canabrava encontra conforto na carismática Minolta, personagem que está no filme para justificar a já tradicional cena de nudez gratuita tão presente no cinema nacional. Para que a trama não fique no zero a zero, uma socialite Delfina Delamare (Maitê Proença) morre assassinada.
Gustavo Flávio é um dos suspeitos, bem como o próprio Eugênio Delamare. O caso é investigado pelo incorruptível inspetor Guedes (Tony Ramos, que sem qualquer explicação plausível ganhou o Kikito de melhor ator em Gramado). O final do filme ainda reserva uma cena grotesca, só para chocar os desavisados. Mas é só. O melhor é assistir aos tiroteios de sempre do cinema americano.
(Bufo & Spallanzani, BRA, 2001), Direção: Flávio R. Tambellini, Roteiro: Rubem Fonseca, Patrícia Melo e Flávio R. Tambellini, Elenco: José Mayer, Maitê Proença, Gracindo Junior, Tony Ramos, Isabel Guéron, Zezé Polessa, Matheus Natchergaele, Juca de Oliveira, Duração: 96 min.