Borat: Fita de Cinema Seguinte
Foram 14 anos até a realização do segundo filme do repórter da gloriosa nação do Cazaquistão, Borat Sagdiyev. E durante todo esse tempo ele segue fazendo piada com gente crédula e ingênua. Sim, o pessoal também é racista, preconceituoso e devorador de fake news. Ainda assim, a única graça de Borat é justamente humilhar esse tipo de pessoa.
Qual é o problema com Borat 2, afora o fato de que ele é um filme completamente desnecessário e inútil? Bem, Sacha Baron Cohen ficou conhecido demais. Em 2006, era fácil enganar todo mundo, mas uma bilheteria global de mais de US$ 260 milhões acabou criando um bizarro ícone pop. Então, fica claro que a piada tinha prazo de validade.
O que fazer? Sacha Cohen fez algo impensável para os seus padrões. Investiu em algo chamado roteiro de cinema. E foi aí que a coisa toda foi ladeira abaixo. A trama começa mostrando o que aconteceu com Borat (Sacha Baron Cohen) depois do primeiro filme. Ele foi condenado a trabalhos forçados perpétuos ao transformar o Cazaquistão em uma piada mundial.
Porém, a eleição de Donald Trump muda tudo. E agora o Cazaquistão pode negociar com alguém "menos destrutivo que o terrível Barack Obama". E o país também está ansioso em se relacionar com os "melhores" presidentes como, por exemplo, Jair Bolsonaro! Sim, viramos piada em um filme do Borat!
Para que Borat fique livre da prisão, ele recebe a missão de entregar um "presente" ao vice Mike Pence para conseguir favores ao país. O regalo é o chimpanzé Johnny, ministro da Cultura e astro pornô. Mas, ao chegar nos Estados Unidos, o repórter descobre que a filha Tutar (Maria Bakalova) entrou no container destinado ao símio. E Johnny virou o lanche da viagem...
Então, Borat decide dar a sua filha de presente para Mike Pence. E começa um road movie no qual Sacha Cohen vai fazer as mesmas pegadinhas de sempre com os americanos mais crédulos e ingênuos do planeta. Tutar, por exemplo, recebe conselhos de Macy Chanel, uma influenciadora digital. A moça dá dicas de como ser uma "sugar baby". Ou seja, uma mulher que se envolve com homens mais velhos e ricos.
Mas o grande momento e, talvez, a única parte realmente genial em Borat: Fita de Cinema Seguinte é a participação do ex-prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani. Ele está sendo entrevistado por Tutar. Se empolga com a conversa e vai para um quarto de hotel. Giuliani se deita na cama e coloca a mão dentro da calça. Neste momento, Borat entra em cena dizendo que sua filha é velha demais para Giuliani.
Em tempo, Rudolph Giuliani foi prefeito de Nova Iorque durante os atentados de 11 de setembro. Isso deveria ter tornado o político um verdadeiro ídolo do Partido Republicano. Mas os inúmeros escândalos acabaram minando a sua força. E se existia uma esperança dele se candidatar à presidência dos Estados Unidos ela acabou com esse filme. Então, o único mérito de Borat: Fita de Cinema Seguinte é acabar com a carreira política Rudolph Giuliani. Isso que ele já vinha fazendo um grande trabalho sozinho...
(Borat Subsequent Moviefilm, EUA/ING, 2020), Direção: Jason Woliner, Elenco: Sacha Baron Cohen, Maria Bakalova, Irina Nowak, Macy Chanel, Rudolph Giuliani e um monte de norte-americanos ingênuos, Duração: 96 min.