Um Sonho Possível
Sandra Bullock provou que é mesmo a verdadeira Miss Simpatia de Hollywood. Simplesmente fez uma atuação banal, previsível, insossa em "Um Sonho Possível" e mesmo assim levou o Oscar. O filme narra a história de uma família de comercial de margarina que adota um afro-americano. Ele, com a ajuda de seus novos pais, se torna um ídolo jogando futebol americano. Hmmm... afro-descendentes precisam da supervisão branca para fazer sucesso? O que será que o 50 Cent acha disso?
Um Sonho Possível, de John Lee Hancock, é um história adocicada, repleta de clichês. Tudo começa quando um jovem negro e pobre - o que nos Estados Unidos quase sempre é uma redundância - Michael Oher (Quinton Aron) acaba sendo acolhido por uma família rica, em Memphis, no Arizona. Os Tuohy - Sean (Tim McGraw) e Leigh Anne (Sandra Bullock) são um um exemplo de casal edificante que nasceu para ajudar os menos afortunados.
Depois de conhecer o mundo branco e brilhante dos ricos, Michael acaba por se tornar uma grande estrela do futebol americano. Apesar da premissa parecer totalmente absurda, o roteiro do filme foi baseado no livro The Blind Side – Evolution of a Game, de Michael Lewis. E, acredite quem quiser, é quase tudo verdade.
Michael foi abandonado pela mãe Denise Oher (Adriane Lenox), viciada em crack. Ele anda sozinho, numa noite de chuva e frio, o quando o casal se compadece e oferece uma carona. Por que eles fazem isso? Simples, Michael está na mesma sala de aula de sua filha Collins (Lily Collins) num colégio de orientação religiosa. E o afro-descendente ganhou uma bolsa de estudos devido ao seu talento (leia-se força bruta descomunal) para o futebol americano.
Ao descobrir que Michael sequer tem um lugar para dormir, a valorosa Leigh Anne prepara então o sofá da sala, que custa dez mil dólares, para o seu inesperado hóspede dormir. A partir daí surge uma relação entre toda família e o desamparado afro-descendente. Leigh Anne procura se inteirar da situação de Michael no colégio, e de sua potencialidade como jogador de futebol. O marido dela, Sean, ex-jogador de basquete, começa a acompanhar os treinos de Michael para incentivá-lo.
Ninguém, mas ninguém mesmo é capaz de parar Leigh Anne. Ela bota o técnico da equipe de escanteio para “ensinar” a Michael como ele deve se portar em campo. Em outra sequência, irritada por ouvir palavrões na plateia de um jogo, esbraveja contra um espectador que, pasmem, se cala sem dar qualquer resposta. E tem mais. No setor mais pobre da cidade, onde morava Michael com a mãe, ela também mete o dedo na cara de uns desocupados que a provocam na rua. De novo, ninguém ousa esboçar qualquer reação.
O roteiro Um Sonho Possível é previsível e simplório. Abusa de lugares comuns nas soluções dadas para mostrar a ascensão de Michael no esporte. É altamente indicado para quem gosta de futebol americano, histórias adocicadas e comerciais de margarina...
(The Blind Side, EUA, 2009) Direção: John Lee Hancock. Elenco: Sandra Bullock, Tim McGraw, Quinton Aaron, Jae Head, Lily Collins, Ray McKinnon, Kim Dickens, Adriane Lenox, Kathy Bates, Catherine Dyer, Andy Stahl, Brian Hollan, Sharon Morris, Omar J. Dorsey, Paul Amadi, Hampton Fluker, Rhoda Griffis, Eaddy Mays, Ashley LeConte Campbell, Tom Nowicki, Melody Weintraub. Duração: 128 minutos.