Batman - O Cavaleiro das Trevas
Todas as críticas feitas a Batman - O Cavaleiro das Trevas partem de uma premissa errada. Querendo ou não, as pessoas comparam o trabalho de Christopher Nolan com os desastrados, patéticos e pífios filmes anteriores de Tim Burton e Joel Schumacher. Ora, por favor... Até um documentário de três horas sobre torradeiras elétricas é melhor do que qualquer um dos Batman dirigidos por Burton. Quanto a Schumacher é melhor nem comentar...
Por exemplo, quem em sã consciência poderia elogiar a atuação
feita por Jack Nicholson como Coringa. Um sujeito gordo, velho, decadente e acabado
seria a mais perfeita encarnação do mal? É muita galhofa.
Por isso é que a atuação
de Heath Ledger vem sendo chamada de genial. Também pudera... em comparação
com um sujeito que precisa usar sapatos de palhaço para poder ver a
ponta dos pés...
Batman - O Cavaleiro das Trevas começa após dois anos desde
o surgimento do Batman (Christian Bale). Agora, os criminosos de Gotham City
morrem de medo de sair à noite. Basta ver o bat-sinal para pensarem duas vezes
antes de cometer alguma atividade ilegal. Porém, o cruzado embuçado não está
sozinho na sua luta contra o crime.
Ele conta a providencial ajuda do tenente James Gordon (Gary
Oldman). Além do reforço obtido com o promotor público
Harvey Dent (Aaron Eckhart). O sujeito é incorruptível e vem
lutando para enjaular os mafiosos de Gotham. Tanta simpatia desperta as atenções
de Rachel Dawes (Maggie Gyllenhall), que acaba mandando Bruce Wayne pastar.
Aliás, o triângulo amoroso proposto elo filme não funciona.
Muito por culpa de Maggie que é boa atriz, mas nem de longe é uma
atriz boa...
No meio de tudo isso, em um momento dispensável e desnecessário, cidadãos
comuns, inspirados por Batman, se disfarçando de Homem-Morcego
e tentam fazer justiça com as próprias mãos. Claro que o
homem-morcego não vai aceitar muito bem a nova concorrência...
Depois de verem suas planos frustrados e cansados de tanto apanhar, os chefes
da Máfia,
cometem um terrível erro. Acabam aceitando a oferta de um sujeito estranho,
a um passo da insanidade, que insiste em usar maquiagem de palhaço
sobre cicatrizes... Seu nome? Coringa. Ele garante que irá matar Batman e fazer
com que Gotham City volte a ser a cidade preferida de todos os criminosos.
Nem é preciso dizer que Heath
Ledger (que morreu pouco antes do lançamento de "O Cavaleiro
das Trevas" no cinema - isso sim é que é marketing agressivo)
faz uma interpretação muito
mais crível do que Jack Nicholson. Duas cenas merecem destaque: o desaparecimento
de um lápis e a explosão de um hospital. Agora, o palhaço
do crime é uma
espécie
de psicopata assassino tão ou mais louco que o próprio Batman.
Como já foi
dito antes, qualquer milionário norte-americano que sai à noite
para defender os pobres e oprimidos só pode ser maluco....
Mesmo com tanta incoerência, é visivel o esforço do roteiro para tornar real o mundo de Gotham City. Bruce Wayne (Christian Bale) ao lado de seu fiel mordomo Alfred (Michael Caine) percebe, por exemplo, que está causando mais mal do que bem à cidade. Por outro lado, o cientista Lucius Fox (Morgan Freeman) é jogado para escanteio e pouco tem acrescentar ao filme. A não ser em sua breve participação em Hong Kong.
Sim, em uma sacada interessante do roteiro, Batman monta uma verdadeira operação de guerra, como um estrategista, para capturar um bandido em terra estrangeira. O que mostra que pelo menos alguém leu os gibis do homem-morcego. A partir daí, o filme alterna bons e maus momentos. Aliás, as cenas de ação melhoraram, mas as de luta continuam abaixo da crítica.
O roteiro é cheio de falhas grotescas. Por exemplo, alguém é capaz de explicar como terminou a invasão da cobertura de Bruce Wayne pelo Coringa? Houve alguma morte ou o palhaço do crime simplesmente explicou a todos os presentes que se tratava de uma "pegadinha" organizada pelo Sérgio Mallandro? Outro detalhe irritante: não existiam mais policiais em Gotham City na hora da perseguição com caminhões?
Por fim, há um um momento bizarro, completamente fora do
espírito sombrio do filme. Depois de várias ameaças feitas pelo Coringa,
a população de Gotham entra em pânico. Muitos decidem abandonar a cidade. Eles
são evacuados em balsas, pois as pontes podem conter explosivos. Bem, no meio
da travessia o palahaço do crime anuncia que colocou bombas em dois barcos
- um deles repleto de prisioneiros perigosos. O detalhe é que cada um deles
possui um controle remoto capaz de explodir o outro.
Se um deles usar o controle primeiro, o Coringa garante que não vai acionar
nenhum explosivo no barco restante. No momento em que o prazo está prestes
a se esgotar, um prisioneiro joga o controle remoto
para fora da balsa a fim de salvar a vida dos civis! Será que
ladrão
vez isso só por que estava
a fim de pagar seu pecados e morrer como um herói? Em San Francisco
até pode
ser, mas em Gotham?
Além disso, a mudança na origem do Duas-Caras decididamente não funcionou.
Pelo menos, o roteiro percebeu que este é um personagem completamente dispensável.
Para fechar com chave de ouro, existe um momento Thundercats onde o Batman
adquire uma espécie de visão além do alcance completamente dispensável...A
coisa é tão ridícula que Joel Schumacher poderia ter pensado nisso...
De qualquer maneira, Batman - O Cavaleiro das Trevas segue respeitando a essência
do personagem. Christopher Nolan pode ficar traqüilo. Perto de Tim Burton
e Joel Schumacher ele é um gênio do cinema. E se o filme não é a melhor história
baseada em uma HQ, pelo menos tem o melhor final....
Jota
Tavares
(The Dark Knight, EUA, 2008), Direção: Christopher Nolan, Elenco: Christian Bale, Michael Caine, Heath Ledger, Gary Oldman, Aaron Eckhart, Maggie Gyllenhall, Morgan Freeman, Eric Roberts, Cillian Murphy, Anthony Michael Hall, Monique Curnen, Nestor Carbonell, Joshua Harto, Colin McFarlane, Melinda McCraw, Nathan Gamble, Michael Jai White, Duração: 142 min.