Bastardos Inglórios

Bastardos Inglórios não é um filme. É uma coletânea de cenas. Como sempre as coisas só fazem sentido no universo criado pelo diretor Quentin Tarantino. Ou então ele não tem a menor ideia do que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial....

Como Tarantino se recusa a contar uma história linear, o filme é narrado como Kill Bill, em episódios. A sequência de abertura é mesmo impressionante. É quase como se fosse um roteiro de um western passado em plena Segunda Guerra.

O problema é que depois disso o filme desanda rapidamente. E tudo se perde em um festival de referências e diálogos gigantescos. Tudo recheado com muitas cenas repletas de violência como sói acontecer nos trabalhos de Tarantino.

Em tese, o roteiro com a história de uma judia Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent), que presencia a execução de sua família, abrigada no porão da fazenda, de Pierre Lapadite (Denis Menochet). Todos são mortos graças ao comando do frio, astucioso, e sagaz coronel Hans Landa (Christoph Waltz). Ele também é conhecido como o maior poliglota do Exército alemão...

De qualquer maneira, Shosanna consegue escapar do massacre. Então, quatro anos mais tarde, ela vive em Paris, sob identidade falsa, como proprietária de um cinema. Porém, ao trocar, o nome de um filme no letreiro da fachada, Shosanna atrai a atenção de Fredrick Zoller (Daniel Brühl), um soldado alemão, simpático, gentil, e ainda por cima amante de cinema.

Fredrick, com o perdão do trocadilho, quer ver a Shosanna de Shosanna. Mas a moçoila não parece muito interessada no chucrute alemão. Ao mesmo tempo, em um ponto qualquer da Europa, um grupo de soldados judeus americanos, sob o comando do tenente Aldo Raine (Brad Pitt), começa a se organizar a fim cometer atos violentos de vingança contra o comando nazista na França.

Esse grupo, conhecido como “Os Bastardos”, se alia a uma atriz de sucesso na Alemanha, Bridget von Hammersmark (Diane Krueger), com o objetivo de conseguir a derrubada dos líderes do III Reich. Todos os personagens vão acabar convergindo para o cinema de Shosanna, que exibe, em estréia, numa noite de gala, presente a alta cúpula nazista – até mesmo Adolph Hitler (Martin Wuttke) -, a película Orgulho da Nação, de Joseph Goebbels (Sylvester Groth), estrelado por Fredrick Zoller.

É... realmente Tarantino devia ter assistido a mais aulas de história. Bastardos Inglórios então termina em um massacre completamente maluco como improvável. O filme quase termina por falta de sobreviventes.

J. Tavares

P.S.: Curiosamente, o título Inglorious Bastards foi tomado do filme de Enzo Castellari, de 1978. Mas a obra de Tarantino nada tem a ver com o trabalho de Castellari. Aliás, não tem nada a ver com nada inclusive com os livros de história...

(Inglorious Bastards, EUA, 2009) Direção: Quentin Tarantino. Elenco: Brad Pitt, Eli Roth, Diane Kruger, Christoph Waltz, Daniel Brühl, Mike Myers, Michael Fassbender, Julie Dreyfus, Omar Doom, Michael Bacall, Martin Wuttke, Jacky Ido, Til Schweiger, Mélanie Laurent, Samuel L. Jackson, Samm Levine, B.J. Novak, Paul Rust. Duração: 153 min.

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