O Auto da Compadecida
Este filme acaba confirmando uma das teorias mais contestadas da ZeroZen: a fraude dos institutos de pesquisa. Primeiro é preciso que se diga que Auto da Compadecida foi exibido em 1999 na forma de minissérie pela rede Globo. Filmado em película, teve uma audiência considerável para o horário, o que implica dizer que milhares de pessoas assistiram a obra dirigida por Guel Arraes. Bem, a adaptação do texto da peça homônima de Ariano Suassuna, escrita em 1957, foi transformada em filme e exibida nos cinemas.
O resultado? Um sucesso estrondoso. Tanto que foi o filme brasileiro recordista de público em 2000 com mais de 2 milhões de espectadores. Uma bilheteria superior até mesmo ao superestimado Central do Brasil. Quer dizer, isto é a prova cabal que ninguém assiste a Rede Globo! Só isso poderia justificar o sucesso gigantesco do filme.
Diga-se de passagem o filme nem parece feito no Brasil. Falado em uma língua estrangeira, o nordestês, leva algum tempo para se entender o que está acontecendo. Porém como a metragem da minissérie foi reduzida o filme resultou em um trabalho enxuto, com um ritmo rápido. Tanto a montagem como o roteiro estão bem acima (bem acima mesmo) da média nacional.
Em O Auto da Compadecida o trapaceiro, ardiloso espertalhão, João Grilo (Matheus Nachtergaele) e seu amigo tanso Chicó (Selton Mello) tentam sobreviver em uma pequena cidade do nordeste. João Grilo se diverte enganando na melhor tradição do jeitinho brasileiro seu patrão o Padeiro Eurico (Diogo Vilela) casado com a fogosa Dora (Denise Fraga) e o Padre João (Rogério Cardoso).
Infelizmente as mentiras de João Grilo o acabam colocando frente a frente com sanguinário cangaceiro Severino de Aracaju (Marco Nanini). E apesar de toda a lábia, João Grilo acaba morrendo. Vai para o purgatório e resolve a apelar para Nossa Senhora Compadecida (Fernanda Montenegro) para ver se escapa literalmente de um destino pior do que o inferno. Como o filme termina na hora certa, sem exageros e com uma direção competente, Nossa Senhora deve ter dado uma forcinha. Por que filme brasileiro inteligente só na base no milagre...
(Auto da Compadecida, BRA, 1999), Direção: Guel Arraes, Elenco: Matheus Nachtergaele, Selton Mello, Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Denise Fraga, Diogo Vilela, Marco Nanini, Luis Mello, Paulo Goulart, Maurício Gonçalves, Duração: 104 minutos.
