Assassinos da Lua das Flores
Martin Scorsese, aos 80 anos, virou um daqueles velhos aleatórios que aparecem do nada e passam a te contar a história inteira da vida deles. Só que em vez de resumir e dizer logo duma vez: "olha não fiz nada de interessante só estou mesmo matando o tempo", eles espicham a conversa até o limite do insuportável. E essa situação resume bem a sensação de assistir a Assassinos da Lua das Flores.
O filme leva praticamente 3h30 minutos para contar o massacre da nação Osage, na década de 20 em Oklahoma. Mas toda a trama poderia ser facilmente resumida em 90 minutos. Vale lembrar que o melhor filme de Scorcese, Os Bons Companheiros, tem uma duração próxima a essa. Em outros tempos, ele sabia contar uma história de forma enxuta.
De qualquer forma, os Osage são índios que descobriram petróleo nas suas terras. Ou seja, ficaram ricos. E mesmo com dinheiro foram trucidados pelos brancos. Quem disse que o capitalismo faz discriminação? Por incrível que pareça Assassinos da Lua das Flores é baseado em uma história real. O filme foi inspirado no best-seller homônimo do escritor David Grann.
A situação era a seguinte: tirados de suas terras originais, os Osage conseguiram um terreno de 6 mil quilômetros quadrados (quatro cidades de São Paulo) em uma reserva indígena no estado de Oklahoma. E, na década de 1890, uma descoberta mudou tudo. As terras eram repletas de petróleo. Cada um dos 2.229 indígenas ficou rico. Eles tinham direito a parte da grana obtida pela extração do ouro negro. Essa parcela não poderia ser vendida, mas poderia ser herdada.
Sabendo disso, o pecuarista ardiloso espertalhão William Hale (Robert De Niro) convence seu sobrinho Ernest Burkhart (Leonardo Di Caprio) a se casar com Mollie Kile (Lily Gladstone). Ela é uma índia Osage milionária. O objetivo é fazer com que a herança acabe nas mãos da parte "branca" da família. Nem que para isso seja preciso matar todo mundo que fique no caminho.
As mortes cada vez mais suspeitas dos indígenas levam a uma investigação pelo FBI, que tinha acabado de ser criado. Inclusive envolvendo J. Edgar Hoover. Ele envia o agente Tom White (Jesse Plemons) que rapidamente percebe que o buraco (do poço de petróleo) é mais embaixo.
O problema com Assassinos da Lua das Flores é que o filme quer mostrar a exploração, a ganância do homem branco destruindo a natureza, em contraste com o indígena puro. Tudo bem. Só que com 15 minutos de trama fica claro o que Scorsese quer dizer. E essa situação se desenvolve de forma repetitiva durante três horas e meia. Ou seja, Scorcese assassina o tempo e a paciência do espectador.
P.S.: Devido à longa duração de Assassinos da Lua das Flores, novo filme de Martin Scorsese, algumas salas de cinema na Europa e nos Estados Unidos decidiram inserir um intervalo de seis a 15 minutos por iniciativa própria. No entanto, essa ação tem desagradado à Apple e à Paramount, que estão enviando notificações para as redes de cinema. Qual é a ideia por trás disso? Vender fraldas geriátricas?
(Killers of the Flower Moon, EUA, 2023), Direção: Martin Scorsese, Elenco: Leonardo DiCaprio, Lily Gladstone, Robert De Niro, Brendan Fraser, Jesse Plemons, Louis Cancelmi, John Lithgow, Randy Houser, Jack White, Larry Sellers, Steve Witting, Tatanka Means, Sturgill Simpson, Jason Isbell, Ashley Nicole Hudson, Cara Jade Myers, Pete Yorn, Tantoo Cardinal, Lauren Summers, Scott Shepherd, Tommy Schultz, Ty Mitchell, Elden Henson, Duke Burkhart, Janae Collins, Mark Landon Smith, Jerry Wolf, Barry Corbin, Charlie Musselwhite, Katherine Willis, Gene Jones, Duração: 206 min.